domingo, 29 de março de 2009


Mentira e fantasia confundem os pais na hora da bronca


O castigo só vale quando as mentiras ameaçam o desenvolvimento da criança


Uma mentirinha aqui e outra ali. É quase impossível deparar com uma criança que nunca tenha soltado alguma história fantasiosa, ou mesmo, tenha omitido alguns fatos para se livrar da culpa. Mas prestar atenção a alguns detalhes e ficar atento para que a situação não passe dos limites é essencial para não comprometer o desenvolvimento infantil.Antes de se desesperar é preciso entender quando as crianças mentem por algum motivo real ou quando, simplesmente, fantasiam algumas histórias. "Crianças de até cinco anos de idade não conseguem separar a fantasia do real.A imaginação faz parte do desenvolvimento normal da criança e é base para o pensamento lógico que o adulto tem. A partir dos 7 anos, ela ainda brinca com a sua imaginação, criando situações irreais, mas as invenções passam a ser bem mais raras. A partir dessa idade, ela já passa a mentir para se afastar de um problema. "Mentiras frequentes a partir dessa faixa etária merecem abordagens mais diretas, com repreensão dos pais e professores", diz a neuropsiquiatra psicoterapeuta Evelyn Vinocur, especialista do MinhaVida.Os motivosAntes de brigar, gritar e castigar a criança é preciso conhecer os motivos dessas mentiras. Só assim é possível encontrar a melhor maneira de acabar com o problema e levar as mentirinhas para bem longe do filhote. É preciso entender o motivo pelo qual a criança mente, já que após os sete anos, a mentira torna-se intencional. Geralmente, ela serve para:- querer fugir às responsabilidades- vergonha e medo de decepcionar os pais, professores ou amigos- medo de apanhar ou ficar de castigo- para se isentar de culpa- não querer reviver lembranças de momentos anteriores onde a criança foi sincera e não foi compreendida- melhorar a sua auto-estima - conquistar o carinho dos pais ou chamar a atenção- para preservar a privacidade. Chega de mentiraPara acabar com essas mentirinhas, os pais precisam conversar e explicar por que não é legal mentir. Só quando a criança se sente confiante é que as invenções acabam desaparecendo. "Os pais são modelos da maior importância para a criança, que precisa entender a diferença entre fantasia e realidade", diz a especialista. Os pais devem agir no momento oportuno, o mais rápido possível, com tranqüilidade e firmeza, sem expor a criança e ouvindo as razões dela para faltar com a verdade. Se for medo de levar bronca o que causou a mentira, a solução é mostrar que seu filho pode confiar em você, oferecendo apoio, mas sem deixar de repreender uma desobediência.Desenvolvimento infantilA mentira pode, muitas vezes, pode atrapalhar o desenvolvimento infantil. Isso acontece, quando os pais não se dão conta que o filho precisa de ajuda. Assim as mentiras aumentam e diversos problemas acabam surgindo."Muitas vezes, a mentira é um sinal de alerta. O tratamento com profissional experiente é crucial quando a criança tem problemas na escola ou inventa histórias mirabolantes para chamar a atenção. Isso é sinal de carência afetiva e precisa de acompanhamento com um psicólogo", diz a médica.Perigo!Em alguns casos, o excesso de mentiras, pode sinalizar problemas psicológicos. "O hábito compulsivo de mentir vem acompanhado de outros comportamentos anti-sociais ou desvios de conduta, como roubar, tendência a enganar, reações violentas e dificuldades nos relacionamento sociais", afirma a médica. Essas crianças, segundo ela, apresentam dificuldade para obedecer, são impulsivas e não conseguem relacionar seus atos a suas conseqüências. (essa matéria saiu na revista minha vida).

domingo, 22 de março de 2009

II CONGRESSO DE NEUROLOGIA - ANERJ - 2009
DIAS 26 A 28 DE MARÇO DE 2009
RIO DE JANEIRO - HOTEL INTERCONTINENTAL

A Dra EVELYN VINOCUR vai estar presente no CONGRESSO DA ANERJ/2009.
TEMAS PRINCIPAIS:
1) Neuroimunologia
Mitos e Verdades sobre a Esclerose Múltipla
2) Neuropediatria
Biologia molecular no auxílio ao diagnóstico de doenças neurodegenerativas
3) Doença de Parkinson: Aspectos atuais
4) Neuropatias periféricas: Atualização
5) Atualização das Demências
6) Diagnóstico e tratamento das cefaléias e da dor
7) Epilepsias
Aspectos genéticos e tratamento das formas refratárias
8) Neuroinfecção e líquor
Infecções do sistema nervoso central
9) Doenças do neurônio motor
Trinta anos de experiência clínica na Esclerose Lateral Amiotrófica no Brasil
10) Doenças Cerebrovasculares
O que há de novo sobre AVC isquêmico, Hemorragia subaracnóidea e procedimentos endovasculares
11) Neurointensivismo
Atualização em terapia intensiva neurológica e traumatismo crânio-encefálico
Serão abordados os assuntos mais atuais do campo da neurologia.
AUTO-RELATO DE UMA PROFESSORA


QUAL DEVERIA SER O PAPEL DO SISTEMA EDUCACIONAL?

"Dr(a) Evelyn, infelizmente hoje meu aluno TDAH foi pego com intorpecentes dentro da escola, depois descobri que ele fez uso no ambiente interno da escola e que já teve 3 passagens pela DCA e em uma delas foi por latrocínio.A conduta da escola foi expulsão do aluno...Me senti incapaz de ajuda - ló , foi horrível...A polícia, ali, revistando ele ; e ele é claro até tentou fugir da polícia, pois estava com o tênis cheio de drogas.Estou me sentindo muito triste, queria ter feito a diferença na vida deste aluno e não consegui...Sei que agora ele ficará por aí nas ruas, com os "amigos" onde ele se sente aceito e querido e longe da escola. E me pergunto: o que o sistema educacional faz por alunos assim?


Nada...?"




Atenciosamente

sábado, 7 de março de 2009


AUTO RELATO DE UMA LEITORA:
Idade: 39
A vida é assim mesmo...(ainda bem que não acreditei nisso)
"- ... É estou aqui novamente, mais uma vez recomeçando minha vida. Acho que o grande lance da vida é poder recomeçar sempre que achar necessário já perdi as contas de quantas vezes RECOMECEI...
Quando me deparei há dois anos atrás com a possibilidade de sofrer de Transtorno de Déficit de Atenção, confesso que senti certo alivio, pois estaria explicando tantas coisas, inclusive as “Não Terminadas”..(risos). Mais mas uma vez estava enganada, digo isso pois os ENAGANOS com diagnóstico me acompanham a muitos anos, podemos dizer que mais ou menos há 35 anos. Começou na infância e pelo que vejo perdurou até a vida adulta.
Terapia? Várias
Psicopedagoga? Sim.
Mudança de Escola? Várias
Psiquiatras? Muitos
Empregos: Inúmeros.
Problemas na escola: Incontáveis, se hoje estou formada agradeço a infinita paciência dos meus Pais, que jamais deixaram desistir.
Um pena que não pude aproveitar o curso que fiz na faculdade da forma que poderia. Bom, continuando, o médico que me acompanhava na época em que desconfiei do Transtorno de Déficit, descartou a hipótese e como já estava em tratamento com ele e confiava achei que estava certo. Mas o tratamento não evoluía...
Acho interessante que o diagnóstico Ansiedade é igual Virose, não sabe o que é já diagnostica como Ansiedade. Fui tratada a vida inteira como uma pessoa muita ansiosa e o resultado deste tratamento foram 30 kgs a mais; baixo rendimento escolar e profissional e um custo mensal de quase 400,00 reais mensais de remédio. E para não melhorar nem 50 % do esperado.
Você muda de médico, muda de medicação, muda de escola, muda de trabalho, tenta tudo que lhe indicam e nada, nada funciona como deveria.
Você se sente um E.T na Era da Globalização. Aí você começa a desanimar, desistir e achar que você é assim mesmo e terá que aceitar a vida desta forma. Ah eu também escutei muito isso em terapia, “A vida é assim mesmo...”
Foi de grande valor esta informação, pois diminui bastante o custo com tratamento, parei a terapia. Informando que desde os 12 anos de idade faço terapia, então acho que entendo um pouco como funciona um processo terapêutico.
Com tantos tratamentos você acaba conhecendo toda a família dos anti-depressivos, estabilizadores de humor, ansiolíticos e ai vai, aumenta dose, retira remédio, acrescenta um diferente e o máximo que você percebe é que sua libido desapareceu, suas roupas encolheram absurdamente.
Neste ponto o comprometimento que tudo isso causou em sua vida são incontáveis, profissional, pessoal, emocional, social e todos os AL’s que conhecemos por aí.
Então um dia disse CHEGA, não quero mais viver desta forma, isso não é vida, eu mão mereço sofrer deste jeito e ter que aceitar tão passionalmente.Bom foi quando uma pessoa aconselhou ir a um Neurologista e sem querer acabei dando risada, pois também já tinha passado por essa especialidade, mas mesmo assim a pessoa insistiu e eu resolvi tentar.
Nesta altura do campeonato o que tinha a perder? Nada. Comecei a pesquisar alguns nomes na Internet e com a ferramenta maravilhosa de busca apareceu novamente em minha tela: Transtorno de Déficit de Atenção. Pensei não é possível, será?
Achei um artigo de uma Psiquiatra do RJ ( a quem devo toda a minha gratidão) onde descrevia exatamente como eu me sentia.
Chorava copiosamente, eram todos os sentimentos misturados: Raiva, Indignação, Alivio, Desespero e por aí vai. Imediatamente liguei para os meus pais que acompanham esta minha luta e ao lerem o artigo ficaram impressionados com tamanha semelhança com a minha história...
Isso ocorreu em Janeiro de 2009 e até a consulta com o Neurologista no inicio de Fevereiro chorava copiosamente todos os dias.
Conversei com o meu médico Homeopata e ele disse que tinha tudo haver com o meu quadro quando leu o artigo.
No início de Fevereiro fui a consulta com o Neurologista e contei toda a minha longa trajetória e mostrei o artigo que havia encontrado sobre Déficit de Atenção e ele nem pestanejou: Você possui Déficit de Atenção desde a infância e infelizmente nunca foi diagnosticado. Ele ainda perguntou: Nunca desconfiaram? Eu disse: Não, apesar de eu ter levantado a hipótese.
Após um 1 mês iniciei a medicação, pois ele achou prudente primeiro desintoxicar da medicação anterior.
Começo a sentir pequenas diferenças, estou no inicio, dando os primeiros passos, mas um pouco mais confiante na minha intuição.
Foi ela que nunca deixou que eu desistisse da vida, pois vontade não faltou.
Este depoimento é um desabafo, um alerta para todas as pessoas que desconfiam que tenham ou que alguém próximo tenha: Não desista, confie na sua intuição, pois sem o tratamento correto a VIDA TORNA-SE INSUPORTÁVEL.
Agradecimentos:
Aos meus Pais (meus tesouros mais preciosos),
a minha coordenadora ... (que me acolheu e entendeu a minha dor e dificuldade)
ao meu médico homeopata (MC) que me ouviu chorando desesperada tantas vezes,
ao meu Neurologista (Dr. FW) que acreditou na minha desconfiança de ser Déficit,
e principalmente a Deus que de tão teimoso e amoroso não deixou que eu cometesse uma besteira.
Agradecimento Especial: A Dra. Evelyn Vinocur pelo excelente artigo, foi através deste que consegui resgatar a vontade de viver novamente!

'TDAH NA ESCOLA - COMO LIDAR COM CRIANÇAS DIFÍCEIS?

“Um dos principais problemas observados no processo pedagógico são os comportamentos inadequados de alguns alunos nas diversas atividades escolares. O despreparo dos docentes para lidar com os conflitos que surgem nas salas de aula também contribui para a configuração do quadro. Além disso, geralmente, a proposta educacional da escola prevê um único tipo de enquadramento dos alunos no processo pedagógico. Por não se adequarem ao padrão pedagógico convencional, é comum que alunos com TDAH reajam negativamente, tornando-se inadequados. ”(Faustino Reis e Pompêo de Camargo, 2006).

Não há dúvidas quanto à importância do ambiente escolar para a formação e qualidade de vida da criança. A responsabilidade das Instituições de Ensino vai muito além do cumprimento do conteúdo programático exigido. Escola e Educador precisam estar atentos e comprometidos com o aluno, saber o seu nome, quem são seus pais, como ele se comporta na aula e assim por diante. Somente conhecendo bem o aluno, poderá o professor detectar precocemente qualquer mudança de comportamento ou algo estranho que ele venha a apresentar, inclusive nos casos de maus-tratos, onde a criança pode chegar machucada na escola ou simplesmente mudar o comportamento, ficando desatenta, inquieta ou sonolenta na aula. A Escola tem a obrigação de proteger o aluno, mas ela precisa contar com profissionais preparados para lidar com questões delicadas, como é o caso de crianças portadoras de transtornos mentais.
Os programas de apoio à família são altamente eficazes, reforçam o “vínculo família-escola” e promovem a saúde escolar, levando a um aumento significativo do comprometimento entre professor e aluno. É urgente que cada escola tenha um profissional qualificado para mediar “situações-problemas”, tão logo ocorram.
Quando uma criança causa problemas em sala, podemos nos deparar com situações “desconfortáveis”, como é o caso de crianças com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que são geralmente inquietas, impulsivas e desatentas, deixando o professor sem saber o que fazer. Escolas mal informadas não sabem que a condição é um transtorno mental que precisa ser diagnosticado o quanto antes, uma vez que o tratamento precoce é bastante eficaz.
Entretanto, como falamos anteriormente, as comorbidades são freqüentes no TDAH, agravando o quadro e complicando o tratamento. Cerca de 30% dos casos não se beneficia do tratamento medicamento sozinho. A criança vai precisar da avaliação e tratamento com outros profissionais.
Também não podemos dispensar o tratamento aos pais, para reorganizar a dinâmica familiar que muitas vezes é caótica nesses casos. Igualmente, a avaliação dos professores daquela criança é preciosa e não pode ser dispensada. Mas parece que às vezes fica mais fácil achar que o filho é preguiçoso, rebelde e teimoso ou botar a culpa nos pais ou na escola.
A verdade é que não sabemos lidar com crianças difíceis. Vamos arregaçar as mangas e ir à luta, pois as crianças precisam de nós, do nosso empenho e de que acreditemos num futuro melhor para elas.
TDAH/I na Escola - caso clínico
TDAH / DDA / TDAHI - na escola, em casa e no dia-a-dia
(“O que há alguns anos poderia parecer rebeldia, preguiça ou falta
de interesse, foi identificado há quase um século e hoje sabemos que se trata
de um transtorno provocado por alterações no desenvolvimento de algumas áreas cerebrais...”)


O CASO DE WELLINGTON
Outro dia, eu estava pensando nas crianças que muito freqüentemente são desatentas e não percebem detalhes, cometendo erros bobos em provas por não prestarem atenção e se distraindo até com o barulhinho do vento; nas que vivem com manchas roxas no corpo por serem desajeitadas e que, sem querer, batem nas quinas de móveis, mesas, maçanetas e outros objetos do tipo. À bem da verdade, todos os dias eu atendo casos de crianças “de todo jeito”. Desde os mais “leves”, até casos que poderiam resultar em tragédia, como é o caso de Maria de Deus e seu filho Wellington, que eu vou resumir aqui para vocês.

“Há alguns anos, eu fui procurada por Maria de Deus, mãe de Wellington, seu filho único de 10 anos e aluno da terceira série de uma escola pública da cidade do Rio de Janeiro. Maria de Deus se queixava de que o filho, desde pequeno, chorava muito, não se consolava com nada e que nunca estava bem, nem mesmo quando ela o pegava no colo. Disse que ele custou um pouco a falar, mas que hoje em dia ele fala “pelos cotovelos”. A mãe disse também que ele sempre foi muito levado, irritado e inquieto, até dormindo. Wellington foi fruto de um ”caso” e o pai, sabedor da gravidez, está desaparecido até hoje. Maria de Deus é sozinha, não tem ajuda de ninguém e trabalha para sobreviver. Botou o filho, aos 2 anos numa creche, mas ele era muito levado e destruía tudo, batia nas outras crianças e tanto perturbou que foi expulso. Ela confessa que não tem mais paciência e que não sabe mais o que fazer. “Perco a cabeça e grito com ele, bato, belisco, empurro e xingo o menino de todos os nomes que me vêm à mente: maluco, burro, desmiolado, surdo, tapado, desajeitado, peste, castigo da minha vida, inútil, porco, ...” Ela fala repetidamente que está esgotada e que muitas vezes tem vontade de acabar com a vida dos dois. “A minha vontade é de largar tudo e não voltar, mas eu tenho medo do que possa acontecer com ele, ...” Disse que a falta de dinheiro piorava ainda mais as coisas, fazendo com que ela ficasse com mais raiva. Curiosamente, ela também falou que o filho era uma criança “do bem” e que era afetuoso e carinhoso com ela, mas que nada dava certo porque ele era “daquele jeito”. Disse que ele detesta a escola, que “mata aula” e que não aprende nada e que lê e escreve muito mal. Na semana anterior, ele havia esquecido o fogo aceso por duas vezes, sendo que da última vez a coisa “ficou preta”. O fogão explodiu, queimou tudo e até os vizinhos intervieram, no sentido de que Wellington era muito “avoado” para ficar sozinho e fazendo as coisas em casa...

QUANDO A CRIANÇA É CONSIDERADA CRIANÇA-DIFÍCIL
Caro leitor, casos assim e outros até mais dramáticos são muito mais freqüentes do que podemos imaginar. Ocorrem diariamente e perto de nós, muitas vezes diante dos nossos olhos, a poucos quilômetros de onde trabalhamos ou moramos, com todo conforto e qualidade de vida. Se formos pensar no caso emblemático de Maria de Deus e seu filho, sozinhos e desamparados no mundo, com situação financeira sofrível, o que poderíamos fazer?
O que você faria se fosse tratar o Wellington e sua mãe, que visivelmente também precisa de ajuda, por estar deprimida e emocionalmente perturbada? Qual seria o ponto de partida? E depois, o que precisaria ser feito? Como, com quem e aonde, dar-se-ia prosseguimento ao tratamento? Casos assim são popularmente considerados de “crianças-difíceis” ou de “crianças-problemas”.
Por “crianças-difíceis” eu aqui me refiro a crianças e adolescentes que se mostram muito freqüentemente desatentos, impulsivos, hiperativos e ou opositores, desafiadores e com uma gama de problemas no aprendizado e dificuldades nos relacionamentos afetivos e sociais. Não raro, algumas delas podem estar fazendo uso de álcool, drogas ou sofrendo violência doméstica, abusos sexuais ou incorrendo em condutas socialmente inaceitáveis como mentir, roubar, destruir patrimônios alheios e maltratar os mais fracos, sem nenhuma demonstração de medo frente ao perigo, e, por isso mesmo, se expondo recorrentemente a situações de risco. Muitas vivem em comunidade e são obrigadas a conviver diariamente com barulho de tiros, tiroteios, balas-perdidas e ameaças de traficantes. Outras se caracterizam por serem deprimidas, ansiosas, inseguras e imaturas, sentindo medos, fobia, pânico, traumas e toda sorte de preocupações, cismas, manias, tiques nervosos e outros problemas que serão abordados ao longo do projeto. Vale lembrar que é preciso haver sofrimento significativo e prejuízo funcional da criança ou do adolescente para configurarmos um transtorno.

TDAH E AS COMORBIDADES
Em Psiquiatria, um transtorno mental “puxa outros”. Essa é a regra do jogo, com a presença de parcerias indesejáveis, as chamadas comorbidades, que são doenças independentes, mas que costumam aparecer juntas no mesmo período de tempo. Assim, é comum que um jovem deprimido apresente um transtorno de ansiedade, bem como uma criança portadora de TDAH apresente um transtorno de aprendizado e um transtorno opositivo desafiador e ansiedade. E assim por diante.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno neurocomportamental bastante heterogêneo e que se caracteriza por uma tríade sintomática que engloba a desatenção sustentada, a hiperatividade ou inquietude interna e a impulsividade ou prejuízo do freio inibitório. Ainda que o TDAH, em boa parte dos casos, curse com dificuldades no aprendizado e menor performance escolar, ele é um transtorno da realização, e não um transtorno de aprendizagem. É o transtorno mental mais comumente encontrado em ambulatórios de saúde mental da Infância e Adolescência, com uma prevalência média de 5% em crianças de idade escolar. É um dos transtornos mentais mais estudados hoje em dia e no mundo, com inúmeros estudos científicos validando a sua comprovação.

ELAS NÃO FAZEM NADA, TÊM OBRIGAÇÃO DE ESTUDAR E TIRAR NOTAS BOAS!
Quando problemas devidos a falta de atenção ocorrem nas crianças, a situação costuma ser muito constrangedora. Segundo afirmativa de muitos pais e professores, “as crianças não fazem nada, a não ser estudar” e por isso elas têm a “obrigação de aprender”. Inicialmente, ambos enumeram “dezenas” de motivos pelos quais as crianças não prestam atenção nas aulas, mas se o problema persiste, o desespero toma conta e todos querem achar um “culpado”. Vários adjetivos e múltiplos rótulos são dados à criança. Os adultos tendem a achar que sabem tudo e que estão sempre certos, o que agrava a situação, pois a questão se fecha “ali mesmo e pronto”. Não costuma haver boa vontade e muito menos o conhecimento para se dar conta de que o pano de fundo nada mais é do que a ponta de um iceberg...
A criança, pela própria condição biológica, muitas vezes não sabe se expressar. Não responde e não corresponde. A dinâmica familiar vai se desgastando a ponto de comumente vermos pais e filhos defensivos e reativos, sob um clima hostil e de tensão, em relação à criança. Filhos que não correspondem às expectativas dos pais, muito freqüentemente são rotulados e desacreditados, tanto em casa quanto na escola. Com o tempo, os pais, familiares, Educadores e os próprios portadores acabam se sentindo fracos, incompetentes, impotentes, ressentidos e fracassados, e o pior – continuam sem saber o que fazer.
O meu objetivo é o de ajudar crianças tidas como difíceis. Ajudar de modo consistente. Um modo que faça diferença na vida dessas crianças, seus familiares e Educadores.