domingo, 30 de novembro de 2008

CRIANÇAS PODEM TOMAR MEDICAMENTOS CONTROLADOS ?


Sempre que estivermos atendendo uma criança, temos que prestar atenção a múltiplos fatores, dentre eles como é a dinâmica familiar da família, como a criança “é vista” dentro de sua família, como ela está inserida na escola e nos seus relacionamentos com os colegas, sua sociabilidade em geral, seus interesses e como ela utiliza o seu tempo. Uma anamnese muito detalhada dos pais e irmãos é – a meu ver – o primeiro “ponto-chave” para um tratamento infantil eficaz, pois como sabemos, muitas vezes não adianta tanto tratar a criança sem oferecer suporte, conhecimento, psicoeducação a esses pais, ensinando a eles como lidar com a criança e com os sintomas que ela apresenta, sendo portanto ideal um bom vínculo com a família e saber também do seu histórico de saúde. Vou ilustrar o que acabei de dizer através de um adolescente que eu atendi.
“... Bernardo, 12 anos, foi atendido por mim pela primeira vez. Eu já havia atendido na sessão anterior o pai e a mãe de Bernardo, sozinhos. Os pais eram separados e cada um tinha uma visão diferente do filho. A mãe repetia que o pai pouco via o filho, por isso não sabia de nada dele. Na história de Bernardo, um evento estressor grave havia ocorrido há alguns anos, que foi a morte de seu irmão mais velho, na época, com 14 anos, fruto de um acidente. Após isso, Bernardo passou a ficar mais agressivo, mais revoltado e seu rendimento escolar caiu expressivamente. Sua mãe estava preocupada, pois Bernardo já tinha sido levado a outros profissionais e estava sendo medicado com quatro medicamentos em doses altas para a idade dele, segundo palavras da mãe, ao ler o conteúdo da bula dos medicamentos. Ao término da consulta com os pais eu forneci questionários específicos para serem preenchidos por pais/familiares e pelos professores do Bernardo. Na segunda consulta, agora com o Bernardo e seus pais, vi que mãe e filho eram mutuamente hostis e agressivos. Bernardo mostrava-se bastante irritado. O pai não encontrou espaço para suas colocações, pois a mãe o interrompia sempre. Em menos de 10 minutos Bernardo sofreu reprimendas e inúmeras críticas por parte da mãe, e revidou-as, todas. Pedi para os pais saírem para que eu pudesse conversar a sós com o Bernardo. Após um momento inicial onde ele foi hostil comigo, ficou calmo e educado, pois percebeu que eu estava ali não querendo criticá-lo ou julgá-lo, simplesmente queria entender o que estava ocorrendo e tentar ajudar. Bernardo me contou muitas coisas, ficando evidente que ele se sentia rejeitado pela mãe, que ele não gostava de sua aparência e que havia engordado muito. Seus olhos ficaram “marejados”, mas logo ele se recompôs dizendo que homem não chora, isso é pra maricas. Disse que tenta agradar a mãe de todas as formas, mas que ela nunca fica satisteita, que sempre quer mais e mais dele. “Eu nunca dou uma a dentro com a minha mãe”... disse ele. Ficou claro também, toda a sua raiva e revolta em relação a várias coisas. Ele se sentia obrigado a tomar todos aqueles medicamentos, sem saber para quê eram, ele não havia sentido nenhuma melhora, ao contrário, e que ele sabia que o que ele tinha que melhorar dependia de sua força de vontade e não dos remédios. Disse que tomava os remédios passivamente para não desagradar a mãe. Enfim, muito mais foi debatido e ao final daquela consulta ele se mostrou muito motivado para voltar ao consultório uma vez na semana para traçarmos um plano de tratamento para ele e para os seus pais. Ficou claro para ele que ele fazia tudo que a mãe mandava, pelo simples fato da mãe mandar, porque ele tinha medo de magoar a mãe, etc., “engolindo tudo aquilo sem digerir e sem processar”, apesar de sentir muita raiva da vida ter que ser assim, conforme ele me disse.
Muitas coisas ficaram mais claras depois de ter ouvido o Bernardo. Fica evidente a importância de dar apoio e orientação aos pais, principalmente à mãe, que certamente precisa ser orientada a como lidar com o filho. Por outro lado, vemos como a comunicação dessa família está “truncada” e como esse jovem está “sofrendo calado para não perder a mãe” (lembrar que ele perdeu seu irmão há pouco tempo). Poder ver que Bernardo está somatizando muitas emoções, que ele “implode” toda a raiva que ele não tem coragem de falar e não sabe como fazer de outro modo. Fica nítido que temos que esclarecer até que ponto o medicamento é importante pra ele naquele momento e se for, esclarecer e falar da importância dele se tratar e tentar obter o seu consentimento e entendimento para que ele possa se tratar sem revolta, ao contrário, com satisfação e acreditando no tratamento."
É muito importante a divulgação para a sociedade das diferenças entre o tratamento da saúde mental do adulto e o da criança. Ainda é um mito muito comum as pessoas acharem que criança não fica deprimida, não sofre e que não tem preocupações. Ainda fica muito presente a idéia da preguiça, do comodismo, da burrice ou da falta doença força de vontade. É só pensarmos no TDAH para vermos como essa situação é comum. O tratamento da criança é fundamentalmente multidisciplicar. Não raro, quase sempre, precisamos de pelo menos três profissionais especialistas em tratar crianças. Por exemplo, no caso acima, é fundamental a integração do psiquiatra infantil com o psicoterapeuta infantil e o terapeuta de família. Quando tratamos crianças e adolescentes com transtornos sérios de aprendizagem, retardo mental e crianças com transtornos do espectro autista, vamos precisar também da fonoaudióloga e da psicopedagoga além do restante da equipe descrita acima. Para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade com presença de comorbidades, lembrar sempre de tratar primeiro as comorbidades. Sempre temos que manter o contato com a escola, pois muito freqüentemente vamos precisar juntar todas as visões da criança, através de todos aqueles que lidarem com ela, de algum modo. Não podemos esquecer que criança não é um adulto em miniatura, como muitos pensam.
Só após algumas consultas com os pais, a própria criança e com a escola é que podemos traçar um plano de tratamento para aquela criança. Quando medicamentos forem necessários, serão prescritos e certamente serão de grande valia para a criança e até para a família, que fica mais aliviada vendo que o filho/a está mais calmo/a, concentrado/a, menos agressivo/a, menos deprimido/a ou ansioso/a e por aí vai. Muitos casos são de natureza biológica, familiar, genética e nesses casos, muito comumente precisamos prescrever medicamentos controlados para a criança. E eles são muito bons e eficazes. Sempre dentro do tratamento em equipe. Um profissional sozinho não trata uma criança, só em casos específicos e iniciais, sem comorbidades. Segundo o Dr. Joel Rennó Jr, Doutor em Psiquiatria pela USP, não podemos nos esquecer que antes de medicar uma criança devemos ter em mente que o jeito dela sentir, entender e expressar-se difere do adulto. Portanto, o conhecimento sobre sua maturidade e desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC), assim como sobre suas experiências acumuladas ao longo da vida é essencial na determinação da necessidade de tratamento farmacológico. Em relação ao uso de antidepressivos na infância, ele diz que crianças diferem dos adultos tanto do ponto de vista neuropsicológico, quanto em relação à absorção, excreção e metabolização dos antidepressivos. Tradicionalmente, os antidepressivos mais comumente utilizados em crianças e adolescentes se restringem aos antidepressivos tricíclicos, aos serotoninérgicos (que atuam sobre o neurotransmissor serotonina) e mais recentemente a bupropiona (que atua também sobre o neurotransmissor dopamina). Os sistemas de neurotransmissores como a noradrenalina e dopamina só estão inteiramente desenvolvidos no final da adolescência. Já o sistema do neurotransmissor serotonina amadurece mais cedo. Esses dados sugerem que as crianças podem responder melhor aos antidepressivos serotoninérgicos (fluoxetina, sertralina, citalopram).
Felizmente, as pesquisas em neurogenética, neuroimagem e neuropsicologia têm avançado muito nos últimos anos e estão mudando dramaticamamente o modo de nós entendermos os transtornos mentais na infância e adolescência.

sábado, 22 de novembro de 2008

V GRUPO DE APOIO A PORTADORES, FAMILIARES E AMIGOS DO TDAH COM INCENTIVO À LEITURA.
No Rio de Janeiro, em Vila Isabel.
DIA 08/12/2008, as 17 hs, 7o ANDAR, no Auditório, AV. 28 DE SETEMBRO, 389
DÚVIDAS? LIGUE PARA 9989-5798 OU 2576-5198.
VENHA.
VOCÊ FAZ O GRUPO.
VOCÊ FAZ A DIFERENÇA PRA GENTE.
Qualquer reunião de grupo é fantástica. Dá um "up-grade" nos participantes. É uma energia positiva que cresce no grupo. Você fala, troca idéias e sentimentos, fala de sua experiências e de seus medos. Em contrapartida, ouve. Ouve como é a experiência do outro que está ali a seu lado, sofrendo o mesmo tipo de dor que você. E tira dúvidas, coloca novas questões, interage no social e muito mais. Não é novidade que muitos portadores de TDAH apresentem dificuldades para terminar a leitura de um livro. Muitas vezes sequer começam. Outros preferem a leitura automática, onde a gente dá uma passada pela página, depois vai para o meio do livro e depois já está no final e pronto - ah, acabei de ler! E as razões para isso são as mais variadas, indo desde a atenção concentrada que fica prejudicada, ou pela agitação ou pela impulsividade... motivos não faltam. Pra não dizer daqueles que apresentam algum problema outro, como a dislexia... Por isso achamos bem legal o sorteio de um livro, à cada encontro, para de certo modo, incentivarmos a leitura aos nossos participantes! Vamos sortear o livro "no mundo da lua", do prof. Paulo Mattos. Uns petiscos e um refrigerante também faz parte dos nossos encontros. Esperamos por você, que sempre vai ter algo a ouvir, trocar, participar, enfim, contribuir para um mundo melhor. Não podemos nos esquecer que o TDAH precisa ser muito divulgado, conhecido pois o número de crianças, adolescentes e adultos que sofrem do TDAH sem sequer ter esse conhecimento ainda é enorme na nossa população e no mundo!!
ABS E ATÉ LÁ !!EVELYN VINOCUR

Música faz bem ao seu coração

Música e sorriso fazem bem à saúde do seu coração.
Quem nunca experienciou uma sensação de leveza e bem estar ao ouvir uma música que lhe toca à alma, fazendo você ficar como que “flutuando”, num estado mental extasiante? Quantas vezes você entra no carro irritado, de “saco cheio” e com vontade de sumir – e você coloca a sua música preferida, e como num passe de mágica, de repente, você está novamente feliz e de bem estar com a vida? Comigo acontece muito. A música tem um poderoso efeito sobre o meu estado d`alma. É como se a música penetrasse nos poros da nossa pele, contaminando todo o nosso ser. E é interessante que do mesmo modo que algumas músicas tem o poder de nos agraciar diante da vida, outras têm um poder negativo sobre o nosso temperamento.
Pesquisas da Associação Americana de Cardiologia mostram que ouvir músicas agradáveis pode ser benéfico para a saúde cardiovascular. Pesquisadores da Universidade de Maryland mostraram pela primeira vez que emoções positivas geradas por músicas aprazíveis têm um efeito favorável sobre o endotélio cardiovascular.
O cérebro tem um papel fundamental na saúde vascular bem como as taxas de colesterol e pressão arterial. Ainda assim, muitas pessoas que não apresentam esses fatores de risco desenvolvem doença cardíaca significativa e isso pode estar parcialmente ligado a resposta desses indivíduos ao estresse.
Se a música pode evocar emoções positivas para se contraporem ao estresse negativo do cotidiano, ela pode ter uma influência muito importante sobre a parte vascular. Assim, a música deveria ser incorporada à um estilo saudável de vida, tal como nós incorporamos outros hábitos saudáveis à nossa vida. Esse estudo foi apresentado pela Associação Americana de Cardiologia desse ano, em sessão científica.
O estresse mental causa vasoconstrição. Cardiologistas do grupo do Dr. Muller foram os primeiros a mostrar que o riso tem um efeito benéfico sobre o endotélio. Eles acham que emoções positivas evocadas pela música também trariam um efeito similar.
Para determinar o efeito da música sobre a função endotelial, pesquisadores fizeram uma pesquisa sobre o assunto. A pesquisa incluiu 10 pessoas saudáveis e não-fumantes de idade média de 36 anos. Os voluntários selecionaram 30 minutos de músicas que eles apreciavam.
Em 4 ocasiões separadas, uma semana de diferença, as funções endoteliais dos participantes foram acessadas pela medida de fluxo sanguíneo no antebraço. Em cada ocasião a dilatação da artéria pelo aumento do fluxo sanguíneo foi medido no início e 30 minutos após cada estimulo: música aprazível, música que produzia ansiedade, um vídeo clipe de humor e uma fita de relaxamento. As pesquisas acharam que comparados ao momento inicial, a dilatação do fluxo sanguíneo dos voluntários:
- aumentaram 26% depois de ouvirem música agradável
- diminuíram 6% depois de ouvirem música geradora de ansiedade
- aumentaram 19% depois de ouvirem a um vídeo de humor
- aumentaram 11% depois de ouvirem uma fita de relaxamento
A magnitude do aumento do fluxo sanguíneo associado a auto-escolha de boa música foi o mesmo do observado previamente com atividade aeróbica ou terapia com estatina.
Acredita-se que a base para isso seja devida a compostos com endorfina liberados pelo cérebro, que têm ação direta sobre a vascularização. É a grande “caixa preta” das conexões cardíacas, tão difícil de se quantificar mas é uma área pouco desenvolvida pela ciência e que vale a pena ser investigada. Associação Americana de Cardiologia.
Vários estudos bem documentados mostram os efeitos positivos da musica sobre ansiedade, depressao e dor com pacientes que têm doenças somáticas (Cassileth et al., 2003; Cepeda et al., 2006; Siedliecki and Good, 2006). Estudos recentes nas áreas de neurocognição e neuropsicologia sugerem que a música também melhora várias funções cognitivas como a atenção, aprendizado, comunicação e memória, tanto em sujeitos normais como em certos trantornos, como a dislexia, autismo, esquizofrenia, esclerose múltipla, doença coronariana e demência. em reabilitação cardíaca pós-enfarto, elementos musicais têm sido usados como parte da fisioterapia (Thaut et al., 1997).

domingo, 9 de novembro de 2008

DDA/TDAH E AUTISMO - NOVAS ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO

As pesquisas no campo dos transtornos invasivos do desenvolvimento, a exemplo da Síndrome de Asperger, são muito escassas e muito ainda precisa ser melhor compreendido nessa área.
UMA nova pesquisa do NIMH (Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA) busca melhores formas de tratamento para criancas portadoras de Desordens do Espectro Autístico com sintomas de TDAH. Sintomas de TDAH são comuns em criança portadoras de Transtornos do Espectro Autista, mas crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) geralmente não respondem bem ao medicamento para o TDAH, o metilfenidato.
Nessa experiência de 10 semanas, Benjamin Handen, Ph.D., of the University of Pittsburgh; Tristram Smith, Ph.D., of the University of Rochester; and Michael Aman, Ph.D., of the Ohio State University, reuníram 144 criancas de 5 a 13 anos com diagnóstico de TEA e sintomas de TDAH.
As pesquisadores avaliarão segurança e eficácia dos dois tratamentos:
1- com a atomoxetina – Strattera, um medicamento não estimulante, também usado no tratamento do TDAH
2- treinamento de manejo parental (TMP) – onde os pais aprenderão a usar intervenções comportamentais (outro tratamento convencional para o TDAH) nessa população de crianças.
As pesquisas serão randomizadas e as crianças submeter-se-ão a um dos 4 tipos de tratamento :
1- atomoxetina com TMP
2- atomoxetina sem TMP
3- placebo com TMP
4- placebo sem TMP
Após o final das 10 semanas, os pesquisadores continuarão o seguimento em todos os participantes que responderem satisfatoriamente ao tratamento por 6 meses, para exame de seguranca, eficácia e tolerabilidade em tratamentos a mais longo prazo. Os achados desse estudo darão um posicionamento, um norteio para médicos e pais sobre as melhores formas de tratamento para muitas dessas crianças.

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Science UpdateJune 2, 2008
NIMH Funds Research to Find Best Treatments for Children with Autism and ADHD Symptoms
A new NIMH-funded study will help guide the treatment of attention deficit hyperactivity disorder (ADHD) symptoms in children with autism spectrum disorders (ASD). ADHD symptoms are common in children with ASD, but children with ASD often do not respond well to stimulant medications, the conventional treatment for ADHD.

sábado, 8 de novembro de 2008

AONDE EU BOTEI MEU ÓCULOS??


Fiquei observando a minha cliente. Ela estava irritada, sem graça, começou a revirar a bolsa toda e foi tirando coisas lá de dentro e foi tirando e foi tirando... até que - UFA! Ela achou a cadernetinha de anotações onde ela escrevia todas as suas dúvidas para me falar durante a consulta. Ela dizia que a mente dela dava brancos, que ela sempre se esquecia de tudo e que por isso ela escrevia tudo. Mas infelizmente, logo em seguida, mais uma vez, ela queria achar alguma coisa e não achava... era a vez do óculos. Sem óculos ela não enxergava nada. Ela foi ficando muito irritada porque não achava o óculos, e chorou que nem criança querendo uma bala. O óculos estava na cabeça dela. Eu fiquei imóvel, vendo todo aquele sofrimento. Quando eu lhe disse que seu óculos estava em sua própria cabeça, ela chorou mais ainda, de alívio e de sofrimento, e de vergonha e humilhação. Deixou a cadernetinha no braço do sofá ao lado onde ela estava sentada e passou a falar de sua vida, que desde sempre ela foi assim, cabeça de vento, cabeça oca, cabeça de abóbora, maluca, etc. E o pior de tudo é que ela passava muitos vexames na frente dos colegas, pois até a professora se irritava com ela. Seus lápis, de tanto cair no chão, não tinham ponta, as canetas mordidas, os cadernos todos desenhados com florezinhas e um monte de manchas roxas pelo corpo, porque estabanada que nem era, batia e se machucava toda hora. Chegava atrasada a todos os compromissos, saía sempre atrasada de casa, sempre aos berros querendo saber aonde tinha deixado alguma coisa. Ela cresceu assim. Entre risos e lágrimas, entre sonhos e fracassos. Era desacreditada por todos, já tinha pego a fama de maluquinha. Foi muito difícil tratar essa paciente. Ela não conseguia ouvir. Não entendia o que eu falava. No ASRS-18, um questionário de DDA e TDAH para adolescentes e adultos, ela preencheu todos os critérios da parte de desatenção e quase todos da parte de hiperatividade e impulsividade. Na história familiar, ela me disse que a mãe era desastrada que nem ela, que gostava de fazer piadas e que não conseguia botar ordem na casa. De tanta bagunça, o pai foi embora de casa. E foi o pai que mandou a minha paciente me procurar. Porque ela mesma, de tão desatenta que era, nem se tocou que ela poderia ter um transtorno ou um problema que tivesse tratamento. Chamei o pai e expliquei a ele tudo sobre o DDA/TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Ele ficou perplexo: - Eu sabia que elas (a ex-mulher e a filha) tinham alguma coisa, que aquilo não podia ser normal !!! mas a minha paciente não gostou de receber esse diagnóstico e ficou repetindo que não tinha problema mental nenhum. E só aceitou fazer uma terapia. Remédio, nem pensar !! cheguei a fazer uma tentativa, chamei a mãe e foi uma tragédia. A mãe era agitada, dispersa, trabalho não conseguiu me ouvir e saiu dizendo que a filha era aquilo mesmo, que era mal de família... todo o meu discurso, toda a minha “psicoeducação”, tudo o que eu falei, sumiu dentro de suas mentes desatentas, inquietas e impulsivas. Hoje, quatro meses depois, a minha paciente está começando a perceber quantas coisas ela faz e fala por impulso, sem pensar e nas tantas perdas que já sofreu por conta disso... hoje, também, ela já consegue ouvir, já aceitou ler alguns folders que eu lhe dei, já acessa alguns sites e já não se irrita quando eu falo no TDAH. Hoje ela já sabe que existe um remédio super eficaz para aliviar todo aquele sofrimento. E que ela pode ficar diferente de sua mãe, mais calma, menos impulsiva, mais atenta. Hoje, ao sair da consulta, deixou o celular, que havia caído do seu colo, na poltrona. Depois voltou pra pegar e disse pra mim: “é, eu acho que eu tenho TDAH mesmo...” e foi embora pensativa.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Palestras sobre DDA/TDAH no dia 10/11/2008 as 8hs e 13hs no Instituto Benjamin Constant


PALESTRAS: TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE, TDAH/DDA
DATA: 10 DE NOVEMBRO DE 2008
PÚBLICO ALVO: PROFESSORES, COORDENADORES, PAIS E ALUNOS
LOCAL: INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT
HORÁRIO: 8HS PARA PROFESSORES E COORDENADORES
13HS P/ PAIS E ALUNOS
ENDEREÇO: AV. PASTER 350 - URCA
PALESTRANTE - EVELYN VINOCUR

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

DRA. EVELYN VINOCUR MINISTRARÁ PALESTRA SOBRE DDA/TDHA NO INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT

Dra. Evelyn Vinocur na próxima segunda-feira dia 11 DE NOVEMBRO DE 2008, ministrará duas palestra sobre o TDAH/DDA, uma as 8hs da manha para coordenadores e professores. A segunda palestra será as 13hs no mesmo local para pais e amigos do DDA/TDAH.
Local: INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT - URCA - RJ.

domingo, 2 de novembro de 2008

Entre tapas, beijos e conflitos matrimoniais, na família com TDAH


O casal foi feliz por 4 anos. Ou melhor, por 4 anos e 9 meses. Justamente aí nasceu o Breno, e com ele, veio a desagregação e a discórdia, palavras da mãe do Bruno.
Ele sugou tudo de mim, dra, tudo, ele chorou por quase 2 anos sem parar. Vivia pulando de colo em colo. Só cochilava se a gente o ninasse forte. Eu e o meu marido nunca mais vivemos uma para o outro. Durante esses 4 anos de casados, éramos uma família, agora somos loucos enraivecidos, perdidos na selva da minha casa. Eu fico desesperada, ele é igualzinho a mim, eu era assim, igualzinha a ele. O Breno com 5 anos já tinha sido expulso de 2 creches, não acompanhava a turma, só vivia batendo e empurrando os colegas. Eu não entendo: ele quer tudo na hora, do jeito dele! Senão fica um bicho raivoso!! Não aceita um não como resposta. Fica suplicando o que ele quer até eu surtar e deixar o que ele quiser... ele não para de repetir as mesmas frases, a gente não agüenta, fazemos o que ele quer, porque senão nós vamos fazer uma besteira.
Ele era tão lindo, um anjinho!! Por breves segundos o Breno dormia bem, mas até isso ele perdeu, hoje ele dorme muito mal. Eu me sentia tão mal, ele nunca ficava bem no colo. Parecia que eu nunca soube pegá-lo no colo, ele nunca ficava à vontade. Nunca me imaginei vivendo esse inferno. Meu Deus...
As histórias se repetem. Não muito diferentes umas das outras. O casal não agüentou o Breno e numa das discussões violentas com agressão física, Breno quis ir morar com um amigo mais velho. Mas os pais não queriam saber, estavam aliviados com o afastamento do filho. E o Breno ficou a deriva, ficou solto nas ruas, passou a cheirar e fumar. Com o tempo, passou a traficar. E a gente pode imaginar como a vida ficou dramática e perigosa para o Breno...
Como não poderia deixar de ser, quando nos deparamos com casos como os do Breno, vemos que a vida sexual do casal desmorona, o clima de respeito, carinho, amor e companheirismo vai para o espaço e só fica lugar pra raiva, culpa, vergonha, vontade de morrer e de sumir... “O que você fez na cabeça desse garoto para ele ficar assim?” essa coisa de um culpar o outro, isso é toda hora. Marido e mulher embrutecem, passam a ter raiva do mundo e fogem de todos, e aos poucos, todos fogem deles também... e família termina completamente difamada, humilhada e literalmente isolada do seu contexto, familiar e ou dos amigos.
Os divórcios e separações são a tônica da questão, com os pais ficando desencorajados, deprimidos, se achando as piores pessoas do mundo.
Vou transcrever um pedacinho da primeira sessão do Breno comigo:
Mãe:
- Doutora, eu imploro, me ajude, eu não sei mais o que fazer. Dentro de casa é só tensão, discussão, meus filhos competem o tempo todo, o barulho lá em casa é total, infernal...
Pai:
- Doutora, eu sou nervoso, vou explodir. Me dá um remédio, há uns anos eu tomei anafranil, melhorei, mas parei o remédio e agora eu estou agressivo, não agüento mais, vou explodir e ele olha para a mulher.
Dra.:
- a sua esposa? Você não agüenta mais a sua esposa? Porque?
Pai:
- ela não faz nada, nada, é muito nervosa, agressiva, eu me sinto muito explorado. E o meu filho, eu não sei o que fazer... só tenho vontade de sumir, largar tudo ou então matar todos eles e depois me matar, estou desesperado...
Filho1:
- Dra, eu quero dirigir, eu posso? Eu juro que não fujo mais, que não vou mais pro morro atrás de droga...
Dra (ignora a fala do filho1)
- mãe, como é o seu dia? Como é isso que ele está falando que você não faz nada?
Mãe:
- eu não sei, doutora, não tenho animo, não tenho vontade de nada, as vezes eu estudo com os meninos, mas a verdade é que eu tenho uma empregada que faz as coisas pra mim, porque, eu não não gosto de fazer nada.... chorando muito. Eu sou um peso morto. Vivo pedindo a Deus que me leve desse mundo, que pra mim é um verdadeiro inferno, um martírio...
Filho 1:
- Dra., eu fui espancado a vida toda. Espancado cruelmente, doutora... os olhos fechando, meio dopado, pois já veio medicado ao consultório. Meu pai chegava mamado todos os dias e puxava o cinto e me torturava, me xingava dos piores nomes... Dra., a sra acredita em mim?
Pai: eu batia muito nele, doutora, mas agora não bato mais, ou melhor, bato menos agora, ...
Filho 2:
- Pior sou eu, Dra., que nem existo para os meus pais. Sou negligenciado e abandonado pelos meus próprios pais, essa família é louca! Ninguém se entende! Todo mundo só sabe berrar e bater! Esse cara aí, se referindo ao irmão doente, só veio ao mundo pra trazer o inferno pra nossa casa. Ele é um pesadelo dentro de casa. Eu só vejo uma saída pra mim, que é a de sair da minha casa.
Filho 1:
- Doutora, por favor, eu posso namorar, posso dirigir? Eu fico bonzinho, eu juro... Dra., a sra. Deixa eu sair, né? Ninguém acredita em mim, diz ele chorando como um menino de seis anos.
E o restante desta interminável consulta foi desse mesmo jeito. Todos falando ao mesmo tempo, a ponto de enlouquecer o terapeuta. Nesses casos o terapeuta precisa ter muita prática e impor todo o seu respeito e limites nos pais e no paciente. Regras rígidas precisam ser colocadas e implementada na família.

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CONSENSO BRASILEIRO DE ESPECIALISTAS SOBRE O TDAH EM ADULTOS

A existência da forma adulta do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) foi oficialmente reconhecida pela Associação Americana de Psiquiatria em 1980, por ocasião da publicação do DSM-III (Diagnostic and Statistical Manual, 3rd edition).
Ainda hoje, não obstante, esta condição freqüentemente persiste controversa no meio médico, com critérios diagnósticos discutíveis e fronteiros ainda incertas; assim, este diagnóstico é raramente realizado, persistindo o estereótipo de um transtorno acometendo meninos hiperativos que apresentam desempenho escolar inadequado.
A inclusão do diagnóstico do TDAH no capítulo dos Transtornos da Infância contribuiu para reforçar que o TDAH se trataria de uma condição restrita à infância, muito embora o texto da DSM-IV reconhecia que em alguns casos o transtorno pudesse persistir até a vida adulta.
O termo hiperatividade atingiu ampla divulgação a partir da década de 70. Acreditava-se, à época, que a melhora da hiperatividade e impulsividade ao final da adolescência
corresponderia à remissão da enfermidade.
A publicação da DSM-III em 1980 revolucionou a visão médica acerca do TDAH introduzindo a nomenclatura que persiste até hoje, bem como introduziu mudanças nos critérios, na relevância da desatenção e na possibilidade de haver uma forma adulta, chamada de “Tipo Residual”. Um ano mais tarde, Wender, do grupo de Utah publicava os primeiros critérios para o diagnóstico em adultos. Cerca de 10 anos depois, era publicado o primeiro estudo que estabelecia uma base neurobiológica para o TDAH, utilizando exames de PET–SCAN (tomografia de pósitrons) em adultos portadores do transtorno.
Até a publicação da revisão da DSM-III em 1987, não havia um número significativo de publicações sustentando a idéia que o TDAH pudesse ocorrer sem hiperatividade.
Em 1994, com a publicação do DSM-IV, já havia uma gama de estudos documentando a presença de TDAH com predomínio de desatenção e a partir daí, inúmeros estudos publicados indicaram que crianças e adolescentes com TDAH mantinham sintomas do transtorno na vida adulta, ao contrário do que se acreditava nos anos 70.
Os estudos mostram que é possível realizar o diagnóstico de TDAH de modo confiável em adultos quando são utilizados critérios bem definidos. Em estudo epidemiológico recente, a validade do diagnóstico de TDAH em adultos foi demonstrada através da análise fatorial de sintomas auto relatados numa população adulta, onde aqueles indivíduos com maior número de sintomas nucleares de TDAH apresentavam piores indicadores de funcionamento global.
As alterações neurobiológicas em adultos com TDAH, incluindo os padrões de transmissão genética e os achados em estudos neuropsicológicos e de neuroimagem, são semelhantes àqueles encontrados em crianças e adolescentes com o transtorno, o que consolida a validade da forma adulta. Estudos de famílias, de adoção e de gêmeos indicam que o TDAH é um transtorno fortemente herdado.
Estudos com PET-SCAN e Ressonância Nuclear Magnética com Espectroscopia, malgrado não serem indicados para o diagnóstico de TDAH por seu baixo poder preditivo, consistentemente indicam alterações em lobos frontais, corpo caloso, gânglios da base e cerebelo, todos envolvidos nas funções executivas.
Há dois modelos neurobiológicos mais utilizados no entendimento dos déficits associados ao TDAH. O primeiro deles enfatiza o papel da disfunção executiva secundariamente a um controle inibitório deficiente resultante de alterações em circuitaria dorsal fronto-estriatal e ramificações mesocorticais dopaminérgicas. O segundo modelo concebe o TDAH como o resultado de sinalização deficitária de recompensas tardias secundariamente a alterações nos processos motivacionais que envolvem o circuito frontal ventral – estriado e ramificações mesolímbicas, em especial aquelas que terminam no núcleo accumbens.
Diversos autores criticaram a adoção de um único modelo etiológico neurobiológico no TDAH (e de um grupo de sintomas neuropsicológicos nucleares a ele relacionado), indicando que o mesmo não permitiria explicar a grande heterogeneidade observada no desempenho em testes.
Diversos estudos têm sido realizados com o objetivo de investigar a presença de déficits neuropsicológicos e, em especial, de funções executivas em adultos portadores de TDAH. Barkley teorizou que o TDAH pode ser entendido como a expressão de um déficit central de inibição (Teoria do Modelo Híbrido). Apesar de déficits executivos serem freqüentes, exames neuropsicológicos para avaliação dos mesmos não têm valor preditivo suficiente para serem recomendados em adultos. O exame neuropsicológico está particularmente indicado nos casos onde há suspeita de Transtorno de Aprendizado comórbido ou se problemas de aprendizado persistem após tratamento do TDAH.
Apesar dos sintomas de hiperatividade e impulsividade diminuírem significativamente ao final da adolescência, adultos com TDAH mantêm a tríade de sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade em graus variados. Os sintomas na vida adulta têm sua expressão no âmbito das atividades próprias desta faixa etária; assim, a hiperatividade observada em crianças pode corresponder a um excesso de atividades e/ou trabalho em adultos (indivíduos workaholics); do mesmo modo, a impulsividade pode se expressar como términos prematuros de relacionamentos ou direção impulsiva de veículos, havendo uma “correspondência” entre os sintomas infanto-juvenis tais como são enunciados na DSM-IV e aqueles na vida adulta.
Adultos com TDAH têm uma capacidade inconsistente para se concentrar, mas são capazes de fazê-lo em circunstâncias específicas, como quando envolvidos em tarefas que lhe são particularmente estimulantes. Sua dificuldade torna-se mais evidente naquelas situações onde se encontram entediados ou distraídos por estímulos internos (emoções) ou externos, em níveis significativamente maiores que o observado na população em geral, com impacto negativo no desempenho das tarefas.
Um aspecto importante diz respeito a alguns dos sintomas do Módulo de Desatenção do critério A da DSM-IV: embora ditos de “desatenção”, 5 dos 9 itens referem-se a outros domínios cognitivos (envolvendo funções executivas e memória). Isto remete à concepção do TDAH envolver um espectro mais amplo de disfunções neuropsicológicas do que apenas a desatenção, sendo esta última, parte de um quadro mais amplo de comprometimento de Funções Executivas, que também compreendem a ativação para as tarefas, persistência, planejamento, organização, automonitoramento, controle de impulsos, estabelecimento de prioridades, tomada de decisão e integração de diferentes atividades mentais de momento a momento, entre outros. Recebem a denominação “executiva”, diversas habilidades que capacitam o indivíduo ao desempenho de ações voluntárias, independentes, autônomas, auto-organizadas e orientadas para metas. Em termos práticos, este comprometimento das funções executivas acarreta problemas na estimativa e uso do tempo, com o cumprimento de obrigações e dificuldades de colocar na vida prática proposições e combinações feitas no plano teórico. Um déficit de funções executivas é menos percebido em crianças, simplesmente porque elas são supervisionadas (em casa e na escola) e têm menor necessidade de estabelecer sozinhas estratégias de planejamento, hierarquias de prioridades, etc. Estas funções têm um papel cada vez mais importante à medida que o indivíduo amadurece e passa a ser exigido em sua capacidade de autonomia para tomar decisões e resolver problemas do cotidiano.
Escalas de avaliação são úteis para aferir sintomas de TDAH e/ou detalhar o perfil sintomático, porém seu uso deve ser considerado como ferramenta auxiliar para o diagnóstico do transtorno, não substituindo a entrevista clínica, que permanece a base para o diagnóstico.
O sistema DSM-IV e sua utilização nos adultos com TDAH
Os sintomas clínicos apresentados no DSM-IV foram concebidos a partir de estudos de campo, permitindo identificar corretamente crianças e adolescentes (de 7 a 17 anos) com TDAH, utilizando como pontos de corte 6 entre 9 sintomas de desatenção e/ou 6 entre 9 sintomas de hiperatividade-impulsividade (Critério A). Este ponto de corte, entretanto é considerado excessivamente restritivo para uso em adultos, não permitindo identificar um número significativo de indivíduos com comprometimento funcional associado a quadro clínico atual e história pregressa de TDAH. Mesmo não tendo sido inicialmente pretendida para o diagnóstico em adultos, inúmeros estudos clínicos, farmacológicos, genéticos e de neuroimagem, utilizaram a DSM-IV, adaptando os sintomas e os critérios ali indicados59.
Os sintomas arrolados na DSM-IV e seu ponto de corte (critério A) listados como presentes ou ausentes, sem intensidade, gravidade ou incapacidade associada individualmente a cada um deles.
Os sintomas listados na DSM-IV para o diagnóstico de crianças e adolescentes foram adaptados para adultos na escala Adult Self-Report Scale (ASRS, versão 1.1), desenvolvida pela Universidade de Nova York e a Organização Mundial de Saúde, com base nos sintomas da DSM-IV e submetida à validação semântica em nosso meio. A escala ASRS possui 18 itens que contemplam os sintomas do critério A da DSM-IV, modificados para o contexto da vida adulta. Em alguns itens (sintomas adaptados do Critério A da DSM-IV), é considerada “positiva” (áreas sombreadas) as respostas envolvendo uma freqüência menor - “algumas vezes” -; para a maioria dos itens, entretanto são consideradas “positivas” respostas envolvendo as freqüências “freqüentemente” e “muito freqüentemente”. A ASRS foi validada numa população estadunidense adulta no National Comorbidity Survey-Replication. A ASRS deve ser usada naqueles indivíduos suspeitos de apresentarem TDAH; um rastreio consistindo de apenas seis itens da mesma escala (parte A) deve serempregado em estudos populacionais. No caso do rastreio de 6 itens, é considerado como “suspeito” o indivíduo com pelo menos 4 itens “positivos”. No caso de utilização dos 18 itens (partes A e B), segue-se a mesmo ponto de corte estabelecido na DSM-IV: são considerados como positivos aqueles indivíduos que apresentam no mínimo seis sintomas em pelo menos um dos domínios (desatenção – itens 1,2,3,4,7,8,9,10 e 11 - e hiperatividade – itens 5,6,12,13,14,15,16,17 e 18) ou em ambos.

Idade de inicio (critério B)
A idade de início antes dos 7 anos tem sido questionada como critério para o diagnóstico, uma vez que não possui fundamentação empírica e impõe dificuldades práticas para indivíduos que não são capazes de recuperar sintomas precoces e não têm outras fontes de informação sobre a infância. Nos casos de diagnóstico apenas na vida adulta, torna-se ainda mais difícil o estabelecimento da idade de início; sendo possível encontrar na prática clínica indivíduos com início tardio dos sintomas. Embora seja necessário histórico de sintomas de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade remontando a infância ou início da adolescência, não deve ser usada uma idade-limite específica. O relato de início precoce dos sintomas não se associa necessariamente a relato de comprometimento funcional concomitante, especialmente nos casos de predomínio de desatenção. Mais ainda, a compreensão neurobiológica atual do TDAH enfatiza a interação entre vulnerabilidade biológica (determinada fortemente por componentes genéticos) e meio ambiente. Logo, os indivíduos com vulnerabilidades biológicas intermediárias podem demonstrar os aspectos fenotípicos do transtorno apenas em ambientes de alta demanda característicos da vida adulta.

Universalidade dos sintomas (Critério C)
Crianças e adolescentes com TDAH são encaminhados por apresentarem problemas que interferem com os demais – seja em casa ou na escola – porém no caso de adultos a procura pelo tratamento se dá primariamente pelas dificuldades auto-identificadas de baixa produtividade, desorganização, planejamento deficitário, impulsividade, etc. Adultos que recebem o diagnóstico apenas na vida adulta têm um histórico freqüentemente distinto daqueles que já iniciaram algum tipo de tratamento para o transtorno ainda na infância ou adolescência, tendo estes últimos um maior comprometimento funcional em diversas áreas. No caso de adultos são os próprios que fornecem os dados que permitirão ao médico inferir a gravidade e a eficácia do tratamento, ao contrário do que ocorre em crianças e adolescentes, onde é o relato de pais e professores que norteia a conduta terapêutica. Na avaliação do indivíduo adulto com suspeita diagnóstica de TDAH é importante considerar vários contextos possíveis, tais como: a vida conjugal, o ambiente familiar, o trabalho, a administração de recursos financeiros próprios, a vida social, entre outros.

Comprometimento funcional (critério D)
O TDAH se associa a significativo comprometimento em diversas áreas na vida do portador e não pode ser considerado como um transtorno benigno ou de impacto reduzido. O TDAH se associa a maior incidência de delinqüência, acidentes, desemprego e suspensão de carteira de motorista. A prevalência de adultos portadores de TDAH em estabelecimentos prisionais é maior que o esperado pela freqüência do transtorno na população. Um estudo no nosso meio, identificou 54% de portadores de TDAH numa instituição para adolescentes delinqüentes de ambos os sexos. Um histórico significativamente mais grave de álcool e drogas pode ser observado em portadores adultos de TDAH. Tabagismo também é mais comum em portadores de TDAH. Também já foi demonstrada maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis em portadores. A incidência de problemas conjugais e os índices de divórcio são maiores nos portadores de TDAH. Menores graus de escolaridade são observados em adultos portadores de TDAH quando os mesmos são comparados a controles pareados sem o transtorno. Adultos auto-referidos a serviços especializados em TDAH podem apresentar maiores índices de ansiedade e depressão que crianças com TDAH acompanhadas até a vida adulta. Apesar do comprometimento funcional ser uma característica importante na forma adulta de TDAH, ele não é específico e pode ser encontrado em diversos outros transtornos distintos do TDAH.
Um estudo epidemiológico recente demonstrou que adultos com diagnóstico de TDAH tendiam a apresentar piores escores em escalas de avaliação de funcionamento global e comprometimento numa série de medidas cognitivas. Por exemplo, o comprometimento funcional indicado como um dos critérios da DSM-IV pode referir-se a infelicidade num casamento onde um dos cônjuges é cronicamente desatento e desorganizado, freqüentemente procurando atividades novas e excitantes para se manter “ativo” e “bem-humorado”, além de dificuldades no emprego por conta de mau desempenho por desatenção e dificuldades em respeitar rotinas e cronogramas. O comprometimento clinicamente significativo deve ser investigado em vários domínios diferentes, mas não deve implicar na exclusão de indivíduos que possam ter adaptado em algum grau seus estilos de vida aos sintomas de TDAH (minimizando, portanto o comprometimento autorelatado). O comprometimento tanto pode ser inferido pela discrepância entre o desempenho e o esperado pelo nível cognitivo global, como pela comparação com os seus pares de um mesmo grupo específico (profissional, acadêmico, etc.). Apesar do
comprometimento funcional ser uma característica importante na forma adulta de
TDAH, ele não é específico e pode ser encontrado em diversos outros transtornos.

Entendimento da natureza dos sintomas (critério E)
Para o diagnóstico do adulto é necessário ainda avaliar se existem comorbidades (em especial Transtorno do Humor e de Ansiedade) e se elas poderiam justificar os sintomas relatados, conforme exige o sistema DSM-IV. A presença de comorbidades psiquiátricas é extremamente comum no TDAH, tanto na sua apresentação infantil quanto adulta, e modifica significativamente a apresentação clínica e o prognóstico. No único estudo epidemiológico onde o diagnóstico de TDAH em adultos foi realizado com instrumento baseado na DSM-IV (National Comorbidity Survey-Replication), a comorbidade com outros transtornos psiquiátricos, calculados na forma de razão de chance (odds ratio para 12 meses e vida inteira) foi significativamente maior que o observado na população em geral. Os valores obtidos (vida inteira) foram: Abuso de Substância - 2,8; Transtornos de Ansiedade - 3,2; Transtornos do Humor – 3; transtornos relacionados ao controle de impulsos (jogo patológico, bulimia, etc.) – 5,9. Num estudo recente, não foi demonstrado efeito do gênero sobre o perfil de comorbidades no TDAH.
Cumpre observar que muitos dos sintomas da DSM-IV listados sob a égide do TDAH são idênticos ou muito semelhantes a vários sintomas listados no diagnóstico de transtornos de humor e ansiedade; o diagnóstico diferencial exige uma avaliação especializada.

Considerações finais e conclusão.
O diagnóstico de TDAH permanece sendo clínico, obtido através de uma anamnese cuidadosa, o emprego de critérios clínicos bem descritos e treinamento no diagnóstico diferencial de transtornos psiquiátricos no adulto. Apesar de inúmeros relatos de alterações eletroencefalográficas, neurofuncionais e de neuroimagem, tais testes e exames laboratoriais não possuem valor preditivo (tanto positivo como negativo) suficientemente alto para recomendar seu uso no ambiente clínico.


Coordenador:
Paulo Mattos

Autores:
André Palmini
Carlos Alberto Salgado
Daniel Segenreich
Eugênio Grevet
Irismar Reis
Luiz Rohde
Marcos Romano
Mário Louzã
Paulo Abreu
Paulo Mattos
Pedro Lima

Quer manter vivo o seu casamento?


Quer manter vivo o seu casamento?
Dicas para melhorar o seu relacionamento amoroso
(Influência do TDAH na vida afetiva de portadores adultos)
Durante muito tempo, falar em "habitantes do mundo da lua" e "bichos carpinteiros" imediatamente nos fazia lembrar daquelas figurinhas que, merecedoras deste ou daquele apelido, incomodavam nossas vidas. Essas crianças, que sabemos hoje serem portadoras do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), têm dificuldade em controlar sua atenção, sua impulsividade e sua hiperatividade. Segundo o psiquiatra Russell Barkley, uma das maiores autoridades americanas em TDAH, "a atividade cerebral que comanda a inibição do comportamento, a auto-organização, o autocontrole e a habilidade de inferir o futuro está prejudicada por um metabolismo deficiente dos neurotransmissores, levando à incapacidade de administrar eficazmente os aspectos críticos do dia a dia" (1995). Pensando desta maneira, veremos que essa definição tanto pode se referir a crianças como a adultos, e é exatamente essa a conscientização que vem ocorrendo nas últimas décadas.
A partir dos anos 70, os cientistas começaram a perceber que o TDAH não desaparecia com a adolescência. Na realidade, 70% das crianças diagnosticadas com o transtorno carregam os sintomas para a vida adulta (CHADD, 2000). Freqüentemente, os sintomas básicos - desatenção, impulsividade, hiperatividade - acabam se tornando menores e menos sérios do que os problemas causados por falta de diagnóstico e tratamento na infância ou adolescência. Em adultos com TDAH, é bastante comum a instabilidade de humor, problemas no trabalho, dificuldades nas relações interpessoais, depressão, abuso de substâncias químicas e comportamento de risco como decorrência das dificuldades originadas por esse transtorno.
As Relações Interpessoais
Entre os vários problemas de origem neurológica ou psiquiátrica, é possível que o TDAH seja o que mais ocasione dificuldades no relacionamento homem-mulher.
A incapacidade fundamental de prestar atenção leva a um comportamento considerado tipicamente masculino: não ouvir, não perceber os sentimentos dos outros, não lembrar de acontecimentos ou datas importantes, não lembrar de fazer os pequenos trabalhos da casa, esquecer o horário da festa das crianças etc. Essa atitude pode parecer falta de amor e consideração. Juntando-se a isso uma certa dificuldade em estabelecer intimidade, pois a hiperatividade impede de engajar tempo suficiente para criar essa intimidade, temos um adulto com TDAH facilmente rotulado de frio, insensível e egoísta, características nada desejadas em um relacionamento amoroso. A impulsividade contribui para dificultar ainda mais a situação, com decisões tomadas sem consulta à companheira, "cabeça quente" e grande rotatividade no trabalho profissional.
No lado feminino, as queixas se referem ao constante "sonhar acordada", depressão e frustração em nunca conseguir desenvolver seu próprio potencial, além da sensação permanente de estar presa numa armadilha (Hallowell e Ratey, 1994).
Como, em ambos os casos, esses sintomas são comuns à vida de todo e qualquer casal, poucas pessoas levam em consideração a possibilidade do TDAH estar na base do problema de um casamento em dificuldade. Freqüentemente, podem levá-las à beira do divórcio.
Mesmo que o transtorno possa abalar a intimidade de uma relação e deixar os parceiros exaustos com o esforço de mantê-la, é possível equilibrar a situação de modo que ambos possam trabalhar juntos, ao invés de estar, constantemente, um contra o outro.

sábado, 1 de novembro de 2008

COMO AUMENTAR A PERFORMANCE EM ADOLESCENTES E ADULTOS COM TDAH


Você usualmente sente que não está alcançando todo o seu potencial? Pois saiba que esse é um sentimentos mais freqüentemente relatados entre jovens e adultos com TDAH. Apesar de muitos adolescentes e adultos com TDAH apresentarem inteligência acima da média,eles podem sentir que não conseguiram alcançar o desejado sucesso em termos acadêmicos e ou profissionais. Muitas outras dificuldades são reportadas também no campo dos relacionamentos pessoais, sociais e afetivos.
No geral, existe um sentimento generalizado de insatisfação entre os adultos com TDAH – um sentimento de que eles não estão realizando todo o seu potencial como poderiam.
É claro, muitos jovens e adultos viverão, por anos e anos e as vezes pelo resto da vida – sem ter o conhecimento de que têm o TDAH. Como muitos, eles acreditam que o TDAH é doença de criança. Quando eles finalmente tomam conhecimento de que o que eles apresentam é o TDAH – agora uma doença médica reconhecida e comprovada cientificamente em adultos – eles geralmente referem um sentimento de alívio por entenderem o motivo de suas preocupações, prejuízos e dificuldades ao longo da vida. Para muitos, saber-se portador de TDAH só acontece após um filho ter sido diagnosticado como tal. É nesse momento que o pai (ou a mãe) percebe que sofreu dos mesmos sintomas por toda a vida. O TDAH tende a afetar as famílias, já que se trata de um distúrbio neurogenético, onde vários gens com pequenos defeitos são passados para o feto de geração a geração, ou seja, por HERANÇA POLIGÊNICA. Por isso é que quando uma pessoa da família tem o TDAH é tão importante checar os outros membros.


QUAIS SÃO OS SINTOMAS MAIS FREQUENTES NOS ADULTOS E NOS ADOLESCENTES?

Se você suspeita ter o TDAH, fica fácil perguntar a você mesmo as perguntas do questionário de adulto para o TDAH. As questões abaixo estão relacionadas aos três sintomas nucleares do TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Cuidado, pois mesmo quem não tem o TDAH pode ocasionalmente demonstrar sinais de desatenção, hiperativiade ou impulsividade. Adultos com TDAH irão demonstrar dois ou três comportamentos consistentemente acima do perfil e obrigatoriamente apresentará claros prejuízos funcionais causando sofrimento para aquela pessoa ao longo de sua vida. Uma equipe qualificada de profissionais de saúde poderá fazer um diagnóstico acurado de TDAH no adulto e ou no adolescente.
Desatenção = * você se sente frequentemente divagando ou "desligado"?* você fica frequentemente distraído por cenas ou barulhos irrelevantes?* você frequentemente erra detalhes bobos ou por falta de atenção?* você frequentemente perde coisas ou esquece onde as colocou?* você frequentemente tem dificuldade em seguir regras ou instruções? Hiperatividade = * você consegue ficar parado por algum tempo ou fica mexendo as mãos e pés quando sentado?* você fica batendo o lápis, caneta ou os pés?* você fica geralmente "brincando" com o seu cabelo ou suas roupas?* você tem que se esforçar conscientemente para ficar quieto e parar de se mexer e contorcer? Impulsividade =* você frequentemente age sem pensar nas consequências que possam ocorrer?* você frequentemente interrompe pessoas nas conversas? Faz comentários inadequados s/ pensar?* você frequentemente acha sofrido esperar numa fila ou pela sua vez? Procure um profissional experiente e de sua confiança para uma avaliação, caso você apresente dois ou mais ítens positivos.

POTENCIAIS DE RISCO NO TDAH
Pesquisas mostram que adultos com TDAH têm mais propensão a:
Três vezes mais chances de ficarem recorrentemente desempregados
Duas vezes mais chances de terem dificuldade para manterem amigos
Quarenta e sete por cento mais dificuldade de economizar dinheiro para pagamento de contas
Duas vezes mais chances de ser assaltado
Quase duas vezes mais chances de se divorciar
Duas vezes mais chances de não usar preservativo
Quatro vezes mais chances de contrair DST (doença sexualmente transmissível)
Quarenta e sete por cento mais chance de ter recebido adiantamento de vale ao ano
Setenta e oito por cento mais chance de ser um fumante
Duas vezes mais chance de estar envolvido em três ou mais batidas de carro
Por isso a importância de se divulgar os resultados das pesquisas, já que o TDAH pode ser potencialmente um transtorno desalentador... É muito importante sabermos que o TDAH pode gerar um sério impacto na vida da criança, agora e no futuro, ou seja, quando ela for um (a) adolescente ou adulto. Tais pesquisas reforçam que os sintomas do TDAH podem gerar sérias conseqüências.


A IMPORTÂNCIA DE TRAÇAR OBJETIVOS E METAS DE VIDA NO TDAH
Você possivelmente vai ficar entusiasmado com a possibilidade de ver seus sintomas diminuindo. Você, estando motivado, pode querer desfrutar de todas as melhoras de uma só vez. VÁ COM CALMA! Já ouviu aquele ditado que diz que “o apressado come cru” e que “o devagar também é pressa”? Na busca pela conquista de metas é fundamental que você tenha muita calma, para investir a sua energia em definir o seu projeto de vida. No tocante a metas, é importante que você atinja uma meta por vez. É essencial que você a conquiste, curta a sua vitória por tê-la concluído e então, e só depois, é que você deverá passar à próxima meta. E assim por diante. Respeite o seu tempo. Você terá a satisfação de ver a melhora do seu desempenho laborativo, na vida social e afetiva. Conseqüentemente, você sentirá a melhora do seu auto-controle, além de um reforçamento sobre a sua vontade e determinação. É IRREAL TER EXPECTATIVAS DE CONSEGUIR TUDO DE UMA VEZ SÓ.
Como conseguir?
Siga as instruções abaixo:
A experiência mostra que devemos nomear as metas, dando a cada uma delas uma nota, de zero (muito fácil de ser alcançada) até 10 (muito difícil de ser alcançada).

SETE DICAS QUE AUXILIAM NA CONQUISTA DE OBJETIVOS E METAS DE VIDA

Comece com um rápido sucesso – escolha uma meta que você sinta ser fácil de ser concluída. Esse rápido sucesso vai te ajudar a realimentar a “roda do sucesso”. No início, nunca tente uma meta difícil de ser concluída. Ao contrário, “pratique bem” nas metas mais fáceis de serem atingidas pois isso aumentará e muito, a sua auto-estima e autoconfiança.
Identifique pontos de alta motivação – o que realmente você gosta de fazer? O que realmente faz o seu “coração brilhar”? É difícil perseguir objetivos que não sejam motivadores para você. Portanto, pelo menos inicialmente, escolha metas que você realmente deseje alcançar, e que você sinta que irá conseguir com facilidade.
Saiba priorizar suas metas – É imprescindível que você sinta-se entusiasmado e satisfeito com as metas que você delineou. Ponha sempre as suas metas em um papel. Certifique-se de ter usado o critério das prioridades, escolhendo as metas mais importantes e que fazem mais sentido pra você, mantendo sempre a motivação na mente.
Reduza as expectativas – Não tenha altas expectativas. Tenha boas perspectivas. Visão de future. Determinação e persistência. Quando você alcança e conclui tudo muito rápidamente, pode haver algum sentimento de desapontamento. Se você conseguir manter as suas expectativas “mais realistas”, o sentimento de vitória e sucesso costumam ser maiores e muito gratificantes.
Siga o passo-a-passo. Pequenos passos de cada vez – fracione as suas metas em metas menores, que normalmente são melhor e mais facilmente administráveis. Lembre-se de que mesmo as metas mais gigantescas e “quase impossíveis de serem alcançadas”, são conseguidas sim, sempre “gota a gota”, “passo-a-passo”.
Desenvolva um plano de ação, um diário de estratégias - liste os passos necessários para que cada meta seja concluída. Use o formato de tabela associando o seu cronograma. Certifique-se de deixar “espaços (horários) em branco” no seu plano de ação. Seja flexível. Caso você não consiga cumprir o seu plano de ação num dia em particular, não se desespere. Não permita que todo o plano fracasse por causa de um tropeço. No espaço deixado para esses imprevistos, você poderá refazer a sua proposta novamente. Tente até conseguir. Caso não consiga, repense sua programação. Pode ser que ela ela esteja acima de suas possibilidades para o momento em questão. Reveja suas expectativas. De qualquer modo, em última instância, refaça seu plano a partir do ponto não atingido, seguindo-se dali pra frente, com metas mais fracionadas. É como desenvolver táticas, ou seja, um plano B e um plano C, se necessário. Esse é o caminho do sucesso.
Reavalie o seu progresso regularmente e promova auto-elogios sempre - certifique-se de se elogiar e se gratificar o mais precoce e freqüentemente quanto possível, a cada progresso feito. Não economize “premiações” deixando para usá-las somente quando todo o projeto for alcançado. Fracione também os elogios e auto-premiações bem como os reforçadores positivos ao longo de todo o percurso, ao longo do todo o seu projeto. Comemora cada etapa! Curta sozinho, com parentes ou amigos, tire fotos, faça registros sobre o seu momento de sucesso e sinta-se vitorioso por cada etapa concluída!

Estabeleça metas inteligentes

Quando estabelecer metas, escolha metas inteligentes, ou seja, metas que sejam específicas, mensuráveis, assumidas, realísticas e com tempo definido.
Metas Específicas – exclusivas para o propósito a ser atingido
Mensuráveis – uma meta é mensurável quando podemos determinar claramente se o progresso está sendo feito em sua direção
Assumidas – quando você conversa com você mesmo ou com um amigo e concorda com a meta e se compromete a executá-la
Realísticas – metas que podem ser alcançadas, alcançáveis
Com tempo definido – meta que pode ser concluída dentro de um tempo razoável, a médio prazo.