quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

TDAH OU BIPOLAR? BIPOLAR OU TDAH?


(entrevista com o Prof. Dr. Valentim Gentil, do site do Dr. Dráuzio Varella)

Não existem testes padronizados para transtorno bipolar, mas esta lista, adaptada do livro The Bipolar Child, pode ajudá-lo a reconhecer alguns sinais de alerta. Assinale os comportamentos que seu filho atualmente apresenta ou apresentou no passado.
Se você assinalar mais de 20 itens, ele deveria ser examinado por um profissional da área.
Seu filho: 1- Fica aflito demais quando separado da família;
2-demonstra ansiedade ou preocupação excessiva;
3- Tem dificuldade para levantar-se pela manhã;
4- Fica hiperativo e excitável à tarde;
5- Tem sono agitado ou dificuldade para conciliar o sono;
6- Tem terror noturno ou acorda muitas vezes no meio da noite;
7- Não consegue concentrar-se na escola;
8- Tem caligrafia pobre;
9- Tem dificuldade em organizar tarefas;
10- Tem dificuldade em fazer transições;
11- Reclama de sentir-se aborrecido;
12- Tem muitas idéias ao mesmo tempo;
13- É muito intuitivo ou muito criativo;
14- Distrai-se facilmente com estímulos externos;
15- Tem períodos em que fala excessiva e muito rapidamente;
16- É voluntarioso e recusa-se a ser subordinado;
17- Manifesta períodos de extrema hiperatividade;
18- Tem mudanças de humor bruscas e rápidas; 19- Tem estados de humor irritável;
20- Tem estados de humor vertiginosamente alegres ou tolos;
21- Tem idéias exageradas sobre si mesmo ou suas habilidades;
22- Exibe um comportamento sexual inapropriado;
23- Sente-se facilmente criticado ou rejeitado;
24- Tem pouca iniciativa;
25- Tem períodos de pouca energia, ou alheamento, ou se isola;
26- Tem períodos de dúvida sobre si mesmo ou de baixa estima;
27- Não tolera demoras ou atrasos;
28- Persegue obstinadamente suas próprias necessidades;
29- Discute com adultos ou é mandão; 30- Desafia ou se recusa a cumprir regras;
31- Culpa os outros por seus erros;
32- Enerva-se facilmente quando as pessoas impõem limites;
33- Mente para evitar as conseqüências de seus atos;
34- Tem acessos de raiva ou fúria explosivos e prolongados;
35- Tem destruído bens intencionalmente; 36- Insulta cruelmente com raiva;
37- Calmamente faz ameaças contra outros ou contra si mesmo;
38- Já fez claras ameaças de suicídio;
39- É fascinado por sangue ou coágulos;
40- Já viu ou ouviu alucinações.

Possibilidades de tratamento
Tratar crianças com transtorno bipolar não é fácil, mas, atualmente, pelo menos é possível. O primeiro passo, em geral, é prescrever medicamentos. Depois vem a psicoterapia individual, a terapia familiar e as mudanças no estilo de vida.
Recursos terapêuticos
Lítio - O tradicional esteio, atenua os sintomas através da regulação dos neurotransmissores, mas não funciona para todas as pessoas.
Medicamentos anticonvulsivantes – Inicialmente usados no tratamento da epilepsia, esses medicamentos ajudam a controlar as crises de mania.
Antipsicóticos atípicos - Medicamentos utilizados para ajudar os esquizofrênicos a vencerem os delírios podem fazer o mesmo pelos bipolares.
Antidepressivos - Apresentam o risco de aumentar os ciclos do transtorno bipolar, mas seu uso pode ser necessário como parte da associação de medicamentos.
Estilo de vida - Rotinas como, por exemplo, a fixação dos horários de dormir e acordar, são fundamentais. O uso de cafeína deve ser restringido.
Os adolescentes devem evitar o uso de drogas e álcool.
Psicoterapia individual - Crianças precisam de aconselhamento para ajudá-las a equilibrar o sono, a alimentação, o trabalho e a diversão. Elas também precisam falar sobre problemas em casa e resolver conflitos que possam desencadear as crises.
Terapia familiar - Os pais devem aprender quando ceder – isto é crucial no início do tratamento - e quando devem ser firmes. Contendas ou disputas familiares devem ser reduzidas ao mínimo. Os irmãos podem servir como olhos e ouvidos confiáveis para uma criança cujas percepções estão confusas.

comorbidade entre o tdah e o transtorno de humor bipolar


Cerca de 70% das crianças com Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade, apresentam mais de uma patologia associada.Há dez anos atrás nada se falava sobre a existência do transtorno bipolar em crianças. Trinta anos atrás, pensava-se que as crianças não podiam ter depressão...As coisas tem mudado muito nas últimas décadas e agora, não só se conhece a doença, como também procuram melhorar seu diagnóstico e aboradagem. Na Espanha não existe nenhum estudo epidemológico a respeito, os dados que chegam dos Estados Unidos dizem que existem cerca de 1,2% de crianças que padecem com transtorno bipolar. Se bem que essa patologia por si só conta com suficiente relevância, ela também pode aparecer combinada com outras patologias como por exemplo o transtorno por déficit de atenção e hiperatividade.Em torno de 15% das crianças diagnosticadas com TDAH podem sofrer algum tipo tipo de transtorno bipolar, explica o Dr. Joseph Bierderman, professor de Psiquiatria da Universidade de Harvard nos Estados Unidos.fonte:http://www.buscasalud.com/boletin/noticias/2006_02_03_18_58_43.html2

domingo, 28 de dezembro de 2008

Transtorno Bipolar na Infância - UM DESAFIO


Até alguns poucos anos, não se falava em crianças mentalmente perturbadas. Durante toda a minha Faculdade - UFF, onde me graduei em Pediatria, eu não me lembro de ter ouvido falar nesses temas. Trabalhei no Hospital Ismélia da Silveira, em Caxias, onde a gente via de tudo - de tudo mesmo! Mas eu também não me lembro de ter atendido criança deprimida ou ansiosa ou qualquer coisa que o valha... e tampouco na pós em pediatria que eu fiz na PUC-RJ, ... quinze anos depois, fazendo a minha pós em Psiquiatria na UERJ e trabalhando em vários hospitais e clínicas psiquiátricas, aí sim, eu vi e atendi e acompanho até hoje inúmeros pacientes portadores de Transtorno do humor bipolar e outros transtornos do humor. Mas foi somente no ano passado que eu realmente "mergulhei" no universo - não raro - violento e sombrio, que muitas vezes é, o mundo dos transtornos mentais infantis... foi muito bom pra mim ter feito a pós em psiquiatria infantil na Santa Casa. Da Pediatria à Psiquiatria de adultos e daí à Psiquiatria infanto-juvenil, foi, pra mim, uma conquista de grande valor para a minha experiência profissional. Mas não posso negar que me assustei logo que comecei a atender crianças tão novinhas, apresentando comportamentos desafiadores, disruptivos, agressivos e até mesmo violentos e perigosos. Também não posso deixar de me solidarizar com mães e pais tão sofridos, que chegam à nós, tão exaustos, perdidos e sem chão, jogando suas últimas fichas naquele tratamento, frequentemente após já ter percorrido dezenas de profissionais... A responsabilidade do psiquiatra infantil é IMENSA!!! Temos que estudar muito o desenvolvimenteo da criança normal, senão a gente corre o risco de fazer diagnósicos precipitados, intuitivos ou coisa assim. Precisamos, nós, psiquiatras infantis, mais do que nunca, termos os pés no chão. Se um transtorno mental já é tão pesado para um adulto, que dirá para uma criancinha... Entretanto, transtornos mentais em crianças tão pequenas existem e nós precisamos estar atentos, pois elas podem aparecer diante de nós, e se for este o caso, não dá pra deixar passar uma criança sem que seja feito um diagnóstico correto. Pois quanto mais cedo forem as intervenções corretas, mais chances terão essas crianças de levarem uma vida digna e produtiva, como tudo mundo. A infância é uma época estratégica da vida do ser humano. É quando se dá um grande desenvolvimento físico, psicológico e mental, concomitantemente ao aprendizado básico indispensável a todos os que se seguirão pela vida. É muito importante observarmos o comportamento da criança, suas aquisições intelectivas, ouvir os pais, professores, babás, a própria criança, etc. E quando falamos de tratar uma criança, a regra é a necessidade do psiquiatra infantil ter boas parcerias, pois é muito difícil um profissional sozinho dar conta do tratamento de uma criancinha... Muitos casos têm uma demanda para psicoterapia, avaliações com fono, otorrinos, oftamos, psicopedagogos, neuros, testagens neuropsicológicas, terapia de família, etc. Pois é, fica um tratamento caro e duradouro. Como eu vinha falando, até alguns anos atrás, poucas eram as doenças mentais reconhecíveis na infância. Gradualmente, com o passar dos anos e com o avanço das pesquisas e o incremento de estudos científicos, os diagnósticos de vários transtornos psiquiátricos em crianças e adolescentes tornaram-se possíveis. Aparentemente, os casos se multiplicaram numericamente e se fizeram mais conhecidos pela população em geral. Mas ainda assim, a resistência é muito grande se trata da aceitação de certos transtornos pelos familiares, mesmo quando o transtorno é sabidamente uma condição grave, quando evolui sem um tratamento correto. O TDAH ou Transtorno do Déficit da Atenção e hiperatividade é um exemplo. "Como que eu vou dar um remédio de tarja preta para o meu filho?, ele pode ficar viciado e dependente..., ele é tão novo ainda..." Pois é, a gente que tem filho entende, basta se colocar no lugar do outro. Mas quando a situação não deixa escolha, "pena é pra galinha, e não trata nada!" O jeito é fazermos um vínculo forte e de confiança com a família, dar a essa família todo o suporte e as orientações e informações possíveis e iniciar o tratamento tão logo quanto possível - claro, depois de ter passado por todas as inúmeras etapas necessárias para um diagnóstico com responsabilidade e conhecimento. O caso dos Transtornos de Humor e o Transtorno Bipolar em crianças também são condições dramáticas em muitas das vezes. Requer prudência, conhecimento de medicina, de desenvolvimento normal e patológico, de farmacologia e de um monte de outras coisas. É muito importante o trabalho em equipe e informar a família sobre o transtorno em questão, etc. O TDAH e o Transtorno do Humor Bipolar (THB) têm sido objeto de muitos estudos e pesquisas em vários países, pois ocasionam forte impacto sobre a vida escolar, pessoal, familiar e mais tarde profissional do paciente, especialmente quando não devidamente diagnosticados. Os prejuízos decorrentes da falta de diagnóstico e do acompanhamento médico vão do fracasso escolar à evasão, da baixa auto-estima à depressão, da rejeição do grupo ao isolamento, às drogas, à gravidez precoce, à promiscuidade sexual e marginalização, suicídio, entre outras. Infelizmente, a especulação por parte de alguns profissionais não credenciados para tal avaliação, ou ainda, diagnóstico feito por pessoas leigas, tem trazido mais problemas aos que já sofrem com esse transtorno. Generalizou-se, irresponsavelmente, por exemplo, chamar de TDAH a toda e qualquer manifestação de inquietação, distração ou falta de limite que as crianças e jovens apresentem na escola ou em casa. Como conseqüência, casos em que o transtorno não existe de fato aparecem em toda parte, banalizando um problema sério e de grande repercussão sobre a vida dos pacientes portadores e sua família. Estes falsos diagnósticos são geralmente feitos à base de “achismos” como o preenchimento de questionários ou testes sem qualquer base científica ou mesmo ao sabor das conveniências pessoais de alguns adultos, que pensam dela tirar proveito, seja para justificar uma educação deficiente em limites, normas e atenção à criança ou, ainda, a outros interesses particulares.
O Transtorno de Humor Bipolar em crianças é outro exemplo de doença psiquiátrica que exige seriedade no encaminhamento, pois, nessa faixa etária, a sua sintomatologia se apresenta de forma atípica. Ao invés da euforia seguida da depressão dos adultos, nas crianças surge a agressividade gratuita seguida de períodos de depressão. Nestas, o curso do Transtorno é mais crônico do que episódico e sintomas mistos de depressão seguida de “tempestades afetivas”, são comuns. Além disso, a mudança é rápida e pode acontecer várias vezes dentro de um mesmo dia, como por exemplo: alterações bruscas de humor (de muito contente a muito irritado ou agressivo); notável troca dos seus padrões usuais de sono ou apetite; excesso de energia seguida de grande fadiga e falta de concentração. Esses são alguns sintomas que devem ser observados. Os diagnósticos de transtornos da saúde mental são difíceis mesmo para os especialistas, pois é alta a prevalência de comorbidades, ou seja, o aparecimento de dois transtornos simultaneamente, o que exige conhecimento, experiência e observação minuciosa do profissional. É importante salientar ainda que estes transtornos afetam seriamente o desenvolvimento e o crescimento emocional dos pacientes, sendo associados a dificuldades escolares, comportamento de alto risco (como promiscuidade sexual e abuso de substâncias), dificuldades nas relações interpessoais, tentativas de suicídio, problemas legais, múltiplas hospitalizações, etc. Os diagnósticos devem sempre ser realizados por médicos eapecializados em transtornos da infância e adolescência
, que ao diagnosticarem e acompanharem a criança, se preocupam em dar também orientações à família e à escola.
Minimizar esses transtornos só piora suas conseqüências e prejudica o paciente. Somente especialistas podem afastar e esclarecer as dúvidas e não é exagero ser cuidadoso quando se trata da vida, saúde e futuro dos nossos filhos!

O impacto do TDAH na sala de aula


Para uma criança com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não existe nada pior do que a escola.
Segundo o neurologista Paulo Junqueira, a desatenção e a falta de autocontrole se intensificam quando o aluno está em grupo, na sala de aula, dificultando a percepção seletiva de estímulos relevantes, a organização e a execução adequada das tarefas.
Dificuldades de ajustamento diante das demandas escolares ocorrem tanto na área da aprendizagem quanto na área social. A escola exige não só que a criança fique parada, mas também que ela se concentre em tarefas monótonas, repetitivas, invariavelmente não motivadoras.
O TDAH é o problema de saúde de maior ocorrência em crianças em idade escolar. No Brasil, existem de uma a duas crianças com o problema em cada classe, sendo que o custo educacional para cada um desses alunos é de três a seis vezes maior do que para os demais.
Além disso, o risco de fracasso escolar é de duas a três vezes mais freqüente do que em alunos sem dificuldades escolares, mas com inteligência equivalente. E entre 20% e 30% das crianças com TDAH apresentam dificuldades específicas, que interferem na sua capacidade de aprender.
Atraso nos estudos
A junção desses dados faz com que um terço ou mais das crianças com TDAH fique para trás na escola, no mínimo uma série durante a sua vida escolar; 35% não completam o ensino médio; as notas são significativamente mais baixas do que as de seus colegas de classe; 40 a 50% dessas crianças recebem algum tipo de serviço educacional (aulas de reforço, de recuperação, de apoio); e 10% podem passar todo o seu dia escolar envolvidos nesses serviços.
Isso sem falar dos problemas comportamentais em classe. Mais da metade das crianças com TDAH apresenta comportamento opositivo-desafiador, 15% a 25% delas são suspensas e até expulsas da escola, devido a problemas de conduta.
Bagunça em classe
Por causa de sua dificuldade com regras e com autocontrole, a criança com TDAH sobressai entre as demais e todas as outras crianças são conscientes de quem ela é e de quantos problemas causa. Seu comportamento é imprevisível e não corresponde às intervenções normais do professor.
Quem convive com alguma criança ou adolescente com TDAH sabe que a agitação, a impulsividade e a desatenção características do distúrbio transformam o portador num especialista em desobedecer às regras. Entretanto, as dificuldades encontradas pelos educadores em sala de aula não devem ser atribuídas à tradicional "falta de limites" ou à desobediência.
Resultados recentes de pesquisas mostram que as dificuldades enfrentadas pelas crianças são conseqüências das limitações impostas pelo TDAH, e não de lapsos educacionais de pais ausentes ou de má-criação.
Desafio para os professores
O TDAH tem se mostrado um grande desafio para o sistema educacional. Os professores estão sobrecarregados e geralmente não conseguem lidar com o assunto.
Diante de uma turma que não raramente chega a 30 alunos é difícil para o professor conseguir dar atenção individualizada e acompanhar de perto as dificuldades da criança.
Ainda mais com a atual política de progressão continuada (em que o aluno passa de ano automaticamente), devido à qual muitos estudantes somente descobrem que têm o problema quando chegam ao ensino médio.
O processo de identificação dos sinais do transtorno envolve sempre a pesquisa de sintomas na escola. Assim, procura-se orientar o professor para o reconhecimento do TDAH.
Como identificar os sinais
O TDAH possui duas dimensões de sintomas: a desatenção e a hiperatividade/impulsividade.
A desatenção é caracterizada pela baixa persistência às prioridades, dificuldade em "resistir" a distrações e falhas no reengajamento em tarefas após interrupção. Na escola, é comum ocorrer esquecimentos de entrega de trabalhos escolares, desorganização e desgaste na realização da lição de casa.
Nas meninas, a situação mais comum é a daquela aluna comportada, quieta, que não participa das aulas (mas também não incomoda) e que está sempre distraída.
O TDAH em meninas costuma ser subdiagnosticado porque elas exibem poucos sintomas de agressividade e impulsividade. Corresponde em torno de 10% a 25% dos casos e cursa geralmente com altas taxas de comorbidades, ou seja, é freqüente a coexistência com outros transtornos, principalmente com o transtorno do humor e da ansiedade. A idade do diagnóstico tende a ser mais avançada em relação aos meninos.
A hiperatividade/impulsividade é caracterizada pela dificuldade de inibição motora, problemas para "sustentar" comportamentos inibitórios, atividades motoras e verbais excessivas e irrelevantes. A criança tem dificuldades em inibir os sistemas motores cerebrais. Na prática, ela não pára quieta nem por um instante, movimenta-se o tempo todo, não dá a mínima para o que está sendo ensinado, é impaciente e desassossegada.
Não é limitação
O TDAH em si não pressupõe obstáculos ao aprendizado, embora, freqüentemente, seja caracterizado como tal. Ao contrário, é um distúrbio de realização. As crianças com TDAH são capazes de aprender, mas têm dificuldades de se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas têm sobre uma boa atuação.
Entretanto, o seu desempenho escolar é inexplicavelmente irregular, pois não leva em conta sua dificuldade de ouvir, seguir instruções, prestar atenção e persistir até o final das tarefas.
Avaliação médica
Uma avaliação médica abrangente é essencial para investigar as crianças com comportamentos sugestivos de TDAH. Essa avaliação consiste em confirmar o diagnóstico ou identificar outros distúrbios que o simulam. Para que isto ocorra, é fundamental uma boa comunicação entre as escolas e os serviços relativos à saúde.
O diagnóstico do TDAH é clínico, realizado com base no conjunto de evidências coletadas pelo médico na entrevista com o paciente, na observação, exame físico, relatórios e escalas de classificação do comportamento. A ênfase não pode ser somente nos sintomas. É necessário levar em conta o impacto e o comprometimento nas atividades de vida diária da criança.
Estudos atuais têm demonstrado que os subtipos do TDAH podem oscilar ou até mesmo alterar-se ao longo do tempo. A tendência é classificar o TDAH em casos com sintomatologia mais intensa e casos com sintomatologia menos intensa.
As formas subsindrômicas do TDAH, ou seja, as formas leves que não preenchem a rigor os critérios diagnósticos, podem ser manejadas, na maioria das vezes, sem a necessidade de medicamentos.
É evidente que as dificuldades de se lidar adequadamente com a questão do TDAH somente poderão ser atenuadas através de um programa de psicoeducação continuada com a participação efetiva de todos os envolvidos com o problema.
Infelizmente, mesmo com todos os avanços agora disponíveis sobre o TDAH, ainda há uma série de equívocos e informações imprecisas impedindo que a maioria das crianças atinja seu potencial e alcance uma qualidade de vida melhor. Nosso dever, como pais e profissionais, é compreender essas crianças e encontrar formas para ajudá-las a ser bem-sucedidas.

sábado, 27 de dezembro de 2008

TDAH - NEUROBIOLOGIA, NEUROIMAGEM, SISTEMA DE MATURAÇÃO CEREBRAL


No TDAH, algumas regiões cerebrais estão menos desenvolvidas e mais imaturas do que no cérebro de pessoas sem TDAH. Hoje, já é sabido que o desenvolvimento emocional de pessoas com TDAH é 30% mais lento que o de pessoas sem o transtorno.
Pesquisas com genética molecular indicam que o TDAH está associado a disfunções de neurotransmissores, principalmente do sistema dopaminérgico e noradrenérgico (SANDBERG, 2002). Os estudos genéticos são direcionados para a identificação de genes que regulam os sistemas dopaminérgicos, noradrenérgico e de outros neurotransmissores (CASTELLANOS, et al., 2002).Não há um gene específico que explique as disfunções dos NT, mas a interação de vários genes está envolvida na função de NT diferentes (herança poligênica) (VOELLER, 2004), sendo mais estudados aqueles referentes ao transportador da dopamina (WALDMAN et al., 1998; COMINGS et al., 2000, 2000b; COMINGS et al.,2005). Portanto, é consenso que nenhuma alteração em um só sistema de neurotransmissores seja responsável por uma síndrome tão heterogênea quanto o TDAH.
Os exames de neuroimagem tendem a mostrar que o cérebro de crianças não portadoras de TDAH não funciona de forma idêntica ao da criança com TDAH, que têm um desenvolvimento cerebral mais imaturo, e que não existe nenhuma evidência até o momento, que garanta que os exames de neuroimagem possam diagnosticar a hiperatividade. (Rohde et al, 1999). Essa também é a posição da Associação Americana de Psiquiatria da Infância e da Adolescência e do Comitê para Assuntos Científicos da Associação Médica Norte-Americana. Os exames de neuroimagem são úteis na pesquisa das funções cerebrais de déficit de atenção e hiperatividade, mas não fornecem dados definitivos. A maioria dos estudos sugere que o TDAH está associado a alterações do córtex pré-frontal e de suas projeções a estruturas subcorticais. Pesquisas recentes de neuroimagem têm avaliado em detalhes o circuito fronto-estriatal, sobretudo na região do córtex pré-frontal, caudado e globo pallido (Hendren,2000). Outros, mostram que também há alteração em córtex parietal posterior direito. Portanto, poderíamos chamar o TDAH de um transtorno “fronto-subcortical” (SCHMITT, 2000).
As principais alterações neuropsicológicas encontradas no TDAH são as de prejuízos em testes de atenção, de aquisição e de função executiva. O TDAH envolve também um déficit do comportamento inibitório e das funções executivas a ele relacionadas (BARKLEY,1997). Estudos indicam um envolvimento das catecolaminas, sugerindo que um baixo turnover de dopamina e/ou noradrenalina possa estar relacionado com a fisiopatologia do TDAH.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

TDAH: MEU BEM, MEU MAL...


TDAH: quando não compreendido, um transtorno. 11/07/2007

Um artigo que traz a tona vários aspectos do TDAH

segundo diferentes pontos de vista de profissionais especializados.
Nos depoimentos de mães, pais e especialistas no assunto, as semelhanças são marcantes. Os portadores do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são impulsivos, agitados, irrequietos, ansiosos e tão inteligentes e carinhosos quanto mal compreendidos e rejeitados – o que acontece porque, quando se trata de TDAH, falta informação e sobra preconceito.Com um ano e quatro meses de idade, em 1986, Fernando começou a andar. A partir daí, ficar parado tornou-se algo simplesmente impossível para ele. Um ano e dois meses depois, sua mãe, Mara Narciso - endocrinologista, acadêmica de jornalismo e autora do livro Segurando a hiperatividade - decidiu levá-lo a uma psicóloga. Por ser "acelerado" e "incapaz de sossegar um minuto que fosse", Fernando ficava sujeito a toda sorte de acidentes. "Machucava a toda hora, e demorou muitos anos para entender que buraco era buraco e que pular dentro dele como se não existisse o faria machucar. Corria na direção de uma escada como se não houvesse desníveis", relata Mara.Quando Fernando tinha quatro anos, sua mãe o levou a um neuropediatra em Belo Horizonte que definiu o que ele tinha como Disfunção Cerebral Mínima, problema que se caracterizava exatamente pela hiperatividade. O médico disse a Mara que Fernando era o "segundo caso mais grave" que ele já havia visto em 25 anos.Hoje, cerca de 3% das crianças e de 1% a 1,5% dos adultos de todo o mundo apresentam o TDAH, que também é conhecido como DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) ou, em inglês, ADD, ADHD ou AD/HD. A incidência parece ser maior entre o sexo masculino, mas os especialistas consideram esse dado ainda em discussão. Essas informações foram reveladas pelo psiquiatra Mario Louzã Neto, coordenador do Projeto Déficit de Atenção e Hiperatividade no Adulto (PRODATH) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - Universidade de São Paulo, em entrevista divulgada neste site.Conforme explica a neurologista Lais Pires, a causa do TDAH está relacionada a uma predisposição genética - o que já foi comprovado através de estudos, inclusive com a análise comportamental de gêmeos univitelinos que viveram em ambientes separados e apresentaram, ambos, características de TDAH – e também a fatores ambientais: bebês prematuros podem ter uma chance maior de apresentar o Transtorno, que nesse caso estaria relacionado ao sofrimento ao nascer.A hiperatividade é apenas uma das três principais características associadas ao TDAH. As outras duas são a facilidade para se distrair e a impulsividade. Nas meninas, é mais comum a forma do TDAH em que predomina a desatenção: elas parecem tranqüilas, e na sala de aula muitas vezes se mostram quietas, sem perturbar o ambiente como os meninos. No entanto, essa aparente calma esconde um pensamento que voa e se distrai com ele mesmo, e a falta de aproveitamento escolar é refletida nas notas do boletim. Já nos meninos é mais comum a forma de TDAH que une a hiperatividade com a impulsividade, podendo ou não ser acompanhadas da tendência à distração. O aparecimento das três formas juntas configura a forma mista de TDAH.
A dopamina, estimulante que ajuda a fixar a atenção, está presente em menor quantidade no cérebro de quem apresenta o TDAH. Uma sensação de prazer é capaz de aumentar a produção e o aproveitamento da dopamina pelo cérebro – por isso quem tem TDAH, quando faz uma atividade de que gosta, é capaz de se concentrar melhor nela do que numa outra que não lhe é tão aprazível. Isso explica queixas constantes de pais com filhos agitadíssimos e com dificuldade para se concentrar nos estudos, mas que se saem bem no videogame: enquanto a tecnologia evolui a passos largos e os estímulos nesse sentido se tornam cada vez maiores às crianças, a escola permanece no mesmo formato e se torna pouco atraente em comparação com outros estímulos. Apesar de o nome do Transtorno ser constituído da expressão "déficit de atenção", a Dra. Lais destaca que na verdade os portadores do TDAH têm "excesso de atenção". "Eles não conseguem evitar que os estímulos competitivos entrem naquele momento em que eles têm que prestar atenção numa outra coisa; é como se fosse uma antena que estivesse captando interferências de outras", define. E não apenas fatores externos funcionam como estímulos: os próprios pensamentos também.O ambiente agitado que marca os dias de hoje, com a grande quantidade de estímulos que o constituem, é um fator que propicia a detecção da presença do TDAH num indivíduo. Dra. Lais destaca que, em outros tempos, os estímulos eram menos variados e as possibilidades de "perder o foco" eram também menores. Com isso, menos casos eram observados. Com o passar dos anos, cada vez mais casos de TDAH têm sido reconhecidos por pais, professores e especialistas.Diagnóstico requer cuidado; tratamento é indispensávelSegundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o consumo de metilfenidato -anfetamínico potente usado no controle do TDAH, por agir aumentando a dopamina no cérebro - passou de 23 kg em 2000 para 93 kg em 2003, no Brasil. é comum crianças com TDAH tomarem remédio com esse princípio ativo para, entre outros fins, conseguir a concentração necessária para evitar o baixo rendimento escolar. A partir de uma análise desse panorama, a psicóloga Helena Rego Monteiro acredita que esteja ocorrendo o que ela chama de "medicalização da vida escolar"."Hoje, o que parece existir como única opção é a lente da biomedicalização querendo ensinar que não só o 'fracasso' do escolar e suas condutas disruptivas, mas a vida como um todo tem um determinado remédio, uma pílula. Hoje, não é raro encontrar em mochilas escolares uma caixa de remédio dividindo o espaço com o lanche, os cadernos e as canetas, dando-nos a impressão de que, naturalmente, fazem parte do material escolar".É fato que muitas das ocorrências comuns ao comportamento de alguém que tem TDAH podem ser identificadas em pessoas que não têm o distúrbio. E isso exige atenção. "Quem, nos dias de hoje, não faz mais de uma coisa ao mesmo tempo, ou melhor, várias coisas ao mesmo tempo? Quem não sente medo, não sente uma demasiada tristeza em certos confrontos com as produções de subjetividades do mundo contemporâneo? Então somos todos desatentos, hiperativos, portadores do pânico ou deprimidos?", questiona Helena, fazendo um alerta para que nem todos sejam taxados de TDAHs antecipada e equivocadamente.Para o cuidado necessário ao diagnóstico do TDAH, Dra. Lais tem uma definição que segue à risca: só existe transtorno quando há prejuízo. "Tem pessoas que tiram partido da sua hiperatividade: elas conseguem fazer muitas coisas ao mesmo tempo e fazem bem. Então não tem transtorno, elas vivem muito bem com a hiperatividade delas", diz, acrescentando que muitas vezes características de TDAH existentes num indivíduo não têm efeito significativo em sua vida e especificando que o maior problema do TDAH é atrapalhar as funções executivas.Nas crianças, essas funções seriam atividades do dia-a-dia como almoçar ou tomar banho, por exemplo, que poderiam deixar de ser momentos simples para se tornar demorados ou complicados, mostrando a dificuldade - comum aos portadores de TDAH - de começar e terminar uma tarefa. Na escola, as funções poderiam ser escrever uma redação ou ler o enunciado de uma questão de prova. Muitas vezes quem tem TDAH se sai mal em testes simplesmente porque não teve paciência de ler um texto até o fim. O grau de inteligência que eles apresentam é igual ao dos demais alunos, mas como seu desempenho passa a ser sempre baixo, eles se sentem desestimulados e mais uma vez a escola perde para uma série de outras atividades mais interessantes em que eles se saem bem. À medida que um indivíduo cresce, o grau de dificuldade das tarefas que ele precisa realizar tende a aumentar e, com isso, a frustração por não terminar as atividades ou não obter sucesso ao realizá-las também aumenta.Dra. Helena questiona a maneira como é feita a separação entre crianças "normais e anormais" e acredita que "o pior efeito do TDAH para a vida de crianças e adultos é ser rotulado pelo saber-poder médico como um 'doente'". A psicóloga explica que, para definir a existência do TDAH em indivíduos, os especialistas se baseiam em um manual, que ela não considera suficiente. "A partir do manual seremos capazes de separar doentes e sadios, normais e anormais; poderemos identificar aqueles que desviam do padrão. Nesse sentido, a pergunta que temos a fazer é: desviar do padrão não é bom para quem?"Dra. Lais conta que, antes de receitar remédio para um paciente, faz uma análise completa de como ele se comporta na escola, mas não se limita a isso. Ela também procura saber, através de relatórios, como é seu paciente em todos os outros ambientes de sua vida - em casa e em momentos de socialização e brincadeiras, por exemplo. Somente quando constata que em todos os setores ele apresenta características de TDAH ela tem certeza da existência do Transtorno e prescreve a medicação. Se o problema se verificar em apenas uma das áreas, a solução é diferente, pois não se trata de TDAH e então receitar metilfenidato seria um equívoco.Mara sempre achou Fernando diferente das outras crianças, levou-o a vários médicos até se certificar do que tinha e concorda com a Dra. Lais, afirmando que os prejuízos do TDAH são indiscutivelmente sentidos por ele em vários aspectos de sua vida. "Após quase cinco anos em duas faculdades, Turismo e Hotelaria, e depois Design, em que cursa o quinto período, meu filho pensa em largar tudo novamente. Está tentando entrar no mercado de trabalho fazendo Auto-Cad, é muito só e isolado, sofre muito com isso, e com todos os tratamentos que fez, ainda não se encontrou. Isso não é invencionice".Se ser taxado de "doente" é ruim, não ser diagnosticado e tratado pode trazer conseqüências ainda piores para quem tem TDAH. O site da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) afirma que uma de suas grandes lutas é que "o TDAH seja identificado num grande numero de crianças e adolescentes que estão enfrentando grandes dificuldades na vida acadêmica, sem receber diagnóstico ou tratamento adequado". A associação enfatiza ainda que, mesmo com o aumento de 940% das vendas de metilfenidato de 2000 para 2004, apenas 5% dos pacientes com TDAH no Brasil são tratados.Um grande problema da atualidade seria o uso indevido do metilfenidato. Pessoas que não precisam de fato da substância, mas que sabem que o medicamento resulta num aumento de concentração e poder de foco, têm recorrido a ele para render mais no trabalho ou conseguir dar conta, com sucesso, de um grande número de atividades, pressões e responsabilidades.Para cada caso, um tratamentoConforme enfatiza a Dra. Lais, a neurologia, sozinha, é capaz de tratar casos em que o TDAH se apresenta isolado de alguma outra condição associada – as chamadas comorbidades. Para essas ocorrências, uma medicação baseada em metilfenidato seria suficiente. No entanto, 2/3 das pessoas que têm TDAH têm comorbidades, que exigem a associação de tratamentos diferentes à neurologia. Um transtorno de ansiedade, por exemplo, poderia ser acompanhado por uma terapia cognitivo-comportamental; o aparecimento de uma dislexia necessitaria do acompanhamento de uma fonoaudióloga; transtornos afetivos de humor bipolar exigiriam o suporte de um psiquiatra e até de uma outra medicação.Fernando representa um caso em que foi necessário associar tratamentos diferentes. Hoje um estudante universitário de 23 anos de idade, ele já fez onze de psicoterapia e cinco de terapia cognitivo-comportamental. Só começou a tomar metilfenidato aos 16 anos de idade. Mara sentiu que o remédio, apesar de contribuir positivamente, não é suficiente sozinho e serve a um propósito específico: ajudá-lo a se concentrar nas aulas.Dra. Lais admite que o metilfenidato, apesar de geralmente ser bem tolerado, pode ter efeitos colaterais, mas somente enquanto a substância ainda estiver no sangue de quem a ingeriu. Inibição do apetite é geralmente o primeiro efeito, mas também pode ocorrer um aumento da emotividade em crianças. Taquicardia e dor de cabeça muito raramente aparecem. Associado à perda de apetite está o temor dos pais quanto a problemas de crescimento geralmente ligados à medicação. Na verdade, o que acontece é que em algumas fases da vida de quem toma o remédio o crescimento fica menos acelerado do que poderia - mas a altura final do indivíduo não é afetada, conforme explica a neurologista.A especialista explica ainda que o risco de o medicamento aumentar o uso de drogas é um mito que não procede, pois geralmente quem tem TDAH recorre às drogas procurando alívio e fuga após sofrer inúmeras e sucessivas frustrações, e o remédio serve justamente para ajudar a evitá-las e assim também diminuir a possibilidade de que as drogas sejam buscadas.TDAH em famíliaSegundo a neuropsiquiatra Tania Almeida, especializada no atendimento a famílias que têm membros com TDAH, é importante que os portadores do Transtorno e as pessoas que convivem com eles conheçam a maneira como funcionam. "O TDAH é uma disfunção que se expressa por comportamentos peculiares que, se conhecidos, podem ser levados em conta pelo próprio portador – para criar mecanismos compensatórios – e pelos que o cercam – para adequarem suas cobranças e ampliarem suas manifestações de reconhecimento pelo esforço que os portadores fazem para se adaptarem a determinadas exigências sociais".Uma dica é evitar a cobrança excessiva, valorizando o que é realmente importante. "Eles (os portadores de TDAH), eventualmente, precisam de mais tempo e mais silêncio para fazerem exercícios escolares e provas; precisam ser auxiliados a criar mecanismos compensatórios para não esquecer, não perder, se organizar, se concentrar; precisam que nós selecionemos dentre as mil e uma incorreções de seu comportamento, poucas para chamarmos atenção, sob pena de serem repreendidos ininterruptamente e ampliarem seu comprometimento no relativo à auto-estima", alerta Tania.A neuropsiquiatra enfatiza o quanto pode ser lucrativo o resultado de uma maior compreensão do TDAH. "Pais e parentes esclarecidos, professores e cuidadores esclarecidos, portadores e amigos esclarecidos sobre o funcionamento da disfunção podem com ela lidar de maneira mais favorável, ajudando a sobressair as competências que esses indivíduos também têm - muitas vezes, especiais competências - e não as suas incompetências".

TDAH - Entre tapas, beijos e conflitos matrimoniais


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade ou TDAH é, como a própria palavra diz, um transtorno. Ou seja, uma perturbação, um impedimento, um obstáculo, carregando sempre uma carga de sofrimento significativo na vida da pessoa e de sua família. O TDAH é um transtorno do desenvolvimento que cursa com sintomas de desatenção, hiperatividade e ou impulsividade, em idade precoce na vida e disfuncionais e mal adaptativos à idade do sujeito, sempre gerando um forte impacto negativo e um prejuízo global na qualidade de vida da pessoa. Como se não bastasse, o TDAH cursa muito freqüentemente com problemas de aprendizagem além do outros transtornos psiquiátricos, como o transtorno opositivo desafiador, transtorno de conduta, transtorno de humor, transtorno de ansiedade, abuso de álcool e drogas entre outros. Como toda criança é hiperativa, fica muito difícil fazer diagnósticos precoces de TDAH. Só profissionais especialistas na área poderão estar aptos para tal. De todo modo, ainda é na escola o lugar onde fica mais fácil detectar essas crianças, pois a professora tem a condição de estar observando grupos iguais de crianças e com isso facilita ela perceber a inadequação da criança com TDAH. No caso do TDAH forma desatenta, a situação é mais crítica pois o transtorno é silencioso e não incomoda o professor. Nesses casos, o diagnóstico costuma ser feito muito mais tardiamente, com prejuízos mais acentuados para essas crianças. Nos casos tipo hiperativo ou combinado, a situação é mais alarmante, os sintomas “gritam” e, portanto são tratados mais precocemente. Como o TDAH é uma condição neurobiológica dimensional, como a hipertensão arterial, o diabetes, etc., ela pode se manifestar de graus que variam de leves a moderados.
Lembrar que no caso do TDAH as comorbidades são a regra – e não a exceção. Transcreverei, preservando qualquer detalhe que possa comprometer a identidade do paciente, um trecho de uma recente consulta a uma família com um filho portador de TDAH combinado sendo a mãe, portadora adulta de TDAH tipo desatento.
Segundo palavras da mãe do Breno, o casal foi feliz por cerca de 8 anos. No segundo ano de casados nasceu a Jéssica, o xodó da casa. Seis anos depois nasceu o Breno, e com ele, veio também a desagregação e a discórdia.
Ela já chegou na consulta chorando, falando e enxugando as lágrimas dos olhos. Nem Natal a gente tem mais. Pôxa, ele (o Breno) queria uma Árvore de Natal, eu comprei uma linda, grande, cheia de bolas e luzinhas com pisca-pisca, embrulhei os presentes, botei no pé da árvore, pensando que ele fosse ficar feliz... Mas deu tudo errado de novo... Aonde foi que eu errei? Sempre a culpa é minha, meu marido me culpa de tudo, diz que ele (Breno) puxou a minha família, que é perturbada e doida. O Breno, imediatista como sempre, não quis esperar pra abrir os presentes na hora da ceia de Natal e ontem mesmo já começou a gritar, pular, parecia um “encapetado”. Ele passou dos limites. O pai pegou-o pelo braço, empurrou-o para longe da árvore, ele caiu no chão, mas em segundos ele se levantou e “voou” em direção à arvore, quebrou uns galhos, umas seis bolas voaram pela casa. Ele pegou um brinquedo, arrancou o papel, dizendo que o brinquedo era dele e se era dele, ele podia abrir na hora que quisesse. O pai deu um berro, arrancou o presente da mão dele e foi arrastando o Breno até o quarto e o trancou lá dentro de castigo. Eu achei que ia desmaiar. Meu marido falou que ia passar a Ceia na casa do irmão. Que pra ele bastava e que ele estava ficando doente e qualquer dia podia até “matar” o garoto.
... o Breno sugou tudo de mim, dra, tudo, ele chorou por quase 2 anos sem parar. Vivia pulando de colo em colo. Só cochilava se a gente o ninasse forte e mesmo assim por uma ou duas horas. Eu e o meu marido nunca mais vivemos uma para o outro. Namorar, beijar na boca, transar? Uma ou outra vez na vida e no corre-corre, sem sossego... hoje em dia vivemos como irmãos. Durante alguns anos de casado, éramos uma família, mas agora somos um bando de “loucos enraivecidos”, uns “bichos”, dentro de casa. Estamos perdidos na selva que hoje é a minha casa.
E eu fico desesperada, ele (Breno) é igualzinho a mim, eu era assim, igualzinha a ele. O Breno com 5 anos já tinha sido expulso de 2 creches, não acompanhava a turma, só vivia batendo e empurrando os colegas. Não tinha medo de nada nem de ninguém e vivia arrumando problemas. Ou ele era o “pele” da turma ou aquele aluno que quando entrava na sala os colegas torciam o nariz... Toda hora a escola trocava o Breno de turma. Mas não adiantava nada. Eu não entendo: ele quer tudo na hora, do jeito dele! Senão fica furioso e sem controle! Não aceita “não” como resposta. Ele fica insistindo, insistindo, suplicando o que ele quer até eu perder as forças ou “surtar” e acabo deixando ele fazer o que quiser... Ele não para de repetir as mesmas coisas, a gente não agüenta, acaba cedendo porque senão nós vamos fazer uma besteira qualquer dia desses. Eu e meu marido também não nos agüentamos mais, a gente já jogou a toalha há alguns meses. A família tá uma “zona total”.
E pensar que o Breno ele era um docinho, ele era tão lindo, um anjinho! Por breves segundos o Breno dormia bem, mas até isso durou pouco... Ele dorme muito mal. Eu me sentia tão mal quando eu o pegava no colo, pois ele nunca ficava bem, nunca se encaixava no meu corpo. Parecia que eu não sabia pegar o meu filho no colo, ele nunca ficava à vontade. Ah, Dra., eu nunca me imaginei vivendo esse inferno. Meu Deus...
O Tininho (o marido) já cansou de dizer que vai embora, que não tem forças, que o casamento esfriou... Mas eu também não agüento mais!. Mas eu tenho que ajudar o meu filho. Eu preciso! A senhora me ajuda, doutora?
As histórias se repetem. Não muito diferentes umas das outras. O casal não sabe como lidar com o comportamento desafiador e impulsivo do filho, que acaba manipulando o casal e comprometendo o relacionamento e a paz de toda a família. Todos estão sem chão, perdidos e sem saber como fazer e como lidar com o “filho-problema”. Cheio de culpa, defensivos, reativos, sob um clima de alta tensão e hostilidade. Normalmente, nesses casos, as agressões verbais podem partir para agressão física e aí as situações ficam mais desesperadoras. Discussões violentas são comuns. Não raro o casamento acaba e todos se sentem traídos e injustiçados e com muita culpa. Usualmente, com o passar dos anos, os pais vão perdendo as forças, “passam a deixar tudo pra lá”, “a entregar o filho nas mãos de Deus”. Em meio às brigas, os xingamentos são muito freqüentes e a criança é tachada de todos os rótulos possíveis, alguns inimagináveis. Infelizmente, um percentual muito grande de crianças assim, acaba largando a escola ou indo trabalhar precocemente ou entrando para o mundo das drogas. Eles sentem-se “fora de lugar”, como “peixes fora d água”, um total fracasso. Em épocas de Natal, aniversários, Ano Novo ou outras datas de congraçamentos, essas famílias ficam constrangidas, obrigadas a “estarem bem e felizes” (quando é justo o oposto), brindando algo bom. Todos perguntam como estão os filhos, os que estão fazendo, se estão trabalhando, o querem fazer, etc. e essas famílias que têm um membro que não se adequa aos padrões normais da sociedade ficam deprimidas e envergonhadas e com o passar dos anos tendem a se afastar dos próprios familiares. Afinal, os filhos dos outros vão subindo na vida e fazendo estágios, se formando e etc., e tudo isso se torna muito doloroso em famílias onde um membro tem um problema que não o permite deslanchar na vida como o esperado...
Como não poderia deixar de ser, a vida sexual do casal desmorona, o clima de respeito, carinho, amor e companheirismo vai para o espaço e só fica lugar pra raiva, culpa, vergonha, dor, vontade de morrer e de sumir... “O que você fez na cabeça desse garoto para ele ficar assim?” essa coisa de um culpar o outro, isso é toda hora. Marido e mulher embrutecem, passam a ter raiva do mundo e fogem de todos, e aos poucos, todos fogem deles também...
Os divórcios e separações são a tônica da questão, com os pais ficando desencorajados, deprimidos, se achando as piores pessoas do mundo.
Vou transcrever um pedacinho da primeira sessão da família, comigo:
Mãe:
- Doutora, eu imploro, me ajude, eu não sei mais o que fazer. Dentro de casa é só tensão, discussão, meus filhos competem o tempo todo, o barulho é infernal...
Pai:
- Doutora, hoje eu sou uma homem nervoso, eu sinto que vou explodir a qualquer momento. Eu não estou agüentando mais --- ele aponta para a mulher.
Dra.:
- a sua esposa? Você não agüenta mais a sua esposa? Por quê?
Pai:
- ela não faz nada, nada, é muito nervosa, agressiva, e eu me sinto muito explorado. E o meu filho, eu não sei o que fazer. Eu quero sair de casa, mas a culpa não deixa. Tá vendo aqui? Eu fiquei diabético, uso até essa bomba no corpo. Fiquei hipertenso, o dinheiro não dá pra nada. Eu não sei o que fazer.
Breno:
- Dra, eu quero uma mobilete, eu posso? Eu juro que não vou correr, eu juro, eu juro, eu juro.....
Dra:
- mãe, como é o seu dia-a-dia? Como é isso, dele estar falando que você não faz nada?
Mãe:
- eu não sei doutora, eu não tenho ânimo, não tenho vontade de nada, às vezes eu estudo com ele, mas a verdade é que eu tenho uma empregada que faz as coisas pra mim, porque, eu não gosto de fazer nada... (diz ela, chorando muito).
Breno:
- eu fui espancado a vida toda. Espancado cruelmente, doutora, a senhora acredita em mim?...
Pai:
- É, eu batia muito nele, doutora, mas agora não bato mais, ou melhor, bato menos agora... esse menino me transformou num bicho...
Irmã do Breno:
- E eu sou negligenciada, abandonada essa família louca! É como se eu fosse morta, ninguém se importa comigo! Tudo é Breno pra lá, Breno pra cá! Todo mundo só berra e ninguém se entende! Ninguém tá nem aí pra mim!
Breno:
- Doutora, por favor, eu posso ter a minha mobilete? Eu fico bonzinho, eu juro, por favor...
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL AOS MEUS AMIGOS, DO FUNDO DO CORAÇÃO!

UM NATAL CHEIO DE COISINHAS DIFERENTES, COLORIDINHAS, COM BOLINHAS, CORAÇÕEZINHOS, APITOS, FLAUTA, BOLINHAS DE SABÃO, ALGODÃO-DOCE, MAÇÃ-DO-AMOR, PEZINHO DE MEIA, SUSPIROS, RABANADAS, PUDIM, HUMMMM... ARVORE DE NATAL BEM
GRANDE, VERDINHA,
CHEIA DE TREQUINHOS
PENDURADOS

UAU, LINDO
DO SEU TAMANHO!!

FELIZ NATAL!!
FELIZ 2 0 0 9 !!!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

TDAH a importância de se traçar metas e objetivos de vida

Você possivelmente vai ficar entusiasmado com a possibilidade de ver seus sintomas diminuindo. Você, estando motivado, pode querer desfrutar de todas as melhoras de uma só vez. VÁ COM CALMA! Já ouviu aquele ditado que diz que o apressado come cru e que o devagar também é pressa? Na busca pela conquista de metas é fundamental que você tenha muita calma, para investir a sua energia em definir o seu projeto de vida. No tocante a metas, é importante que você atinja uma meta por vez. É essencial que você a conquiste, curta a sua vitória por tê-la concluído e então, e só depois, é que você deverá passar à próxima meta.E assim por diante. Respeite o seu tempo. Você terá a satisfação de ver a melhora do seu desempenho laborativo, na vida social e afetiva. Conseqüentemente, você sentirá a melhora do seu auto-controle, além de um reforçamento sobre a sua vontade e determinação. É irreal ter expectativas de conseguir tudo de uma vez só.Como conseguir? Siga as instruções abaixo: A experiência mostra que devemos nomear as metas, dando a cada uma delas uma nota, de zero (muito fácil de ser alcançada) até 10 (muito difícil de ser alcançada).Sete dicas que auxiliam na conquista de objetivos e metas de vida Comece com um rápido sucesso escolha uma meta que você sinta ser fácil de ser concluída. Esse rápido sucesso vai te ajudar a realimentar a roda do sucesso . No início, nunca tente uma meta difícil de ser concluída. Ao contrário, pratique bem nas metas mais fáceis de serem atingidas pois isso aumentará e muito, a sua auto-estima e autoconfiança. Identifique pontos de alta motivação o que realmente você gosta de fazer? O que realmente faz o seu coração brilhar ? É difícil perseguir objetivos que não sejam motivadores para você. Portanto, pelo menos inicialmente, escolha metas que você realmente deseje alcançar, e que você sinta que irá conseguir com facilidade. Saiba priorizar suas metas. É imprescindível que você sinta-se entusiasmado e satisfeito com as metas que você delineou. Ponha sempre as suas metas em um papel. Certifique-se de ter usado o critério das prioridades, escolhendo as metas mais importantes e que fazem mais sentido pra você, mantendo sempre a motivação na mente. Reduza as expectativas Não tenha altas expectativas. Tenha boas perspectivas. Visão de future. Determinação e persistência. Quando você alcança e conclui tudo muito rápidamente, pode haver algum sentimento de desapontamento. Se você conseguir manter as suas expectativas mais realistas , o sentimento de vitória e sucesso costumam ser maiores e muito gratificantes. Siga o passo-a-passo. Pequenos passos de cada vez fracione as suas metas em metas menores, que normalmente são melhor e mais facilmente administráveis. Lembre-se de que mesmo as metas mais gigantescas e quase impossíveis de serem alcançadas , são conseguidas sim, sempre gota a gota , passo-a-passo. Desenvolva um plano de ação, um diário de estratégias - liste os passos necessários para que cada meta seja concluída. Use o formato de tabela associando o seu cronograma. Certifique-se de deixar espaços (horários) em branco no seu plano de ação. Seja flexível. Caso você não consiga cumprir o seu plano de ação num dia em particular, não se desespere. Não permita que todo o plano fracasse por causa de um tropeço. No espaço deixado para esses imprevistos, você poderá refazer a sua proposta novamente. Tente até conseguir. Caso não consiga, repense sua programação. Pode ser que ela ela esteja acima de suas possibilidades para o momento em questão. Reveja suas expectativas. De qualquer modo, em última instância, refaça seu plano a partir do ponto não atingido, seguindo-se dali pra frente, com metas mais fracionadas. É como desenvolver táticas, ou seja, um plano B e um plano C, se necessário. Esse é o caminho do sucesso. Reavalie o seu progresso regularmente e promova auto-elogios sempre - certifique-se de se elogiar e se gratificar o mais precoce e freqüentemente quanto possível, a cada progresso feito. Não economize premiações deixando para usá-las somente quando todo o projeto for alcançado. Fracione também os elogios e auto-premiações bem como os reforçadores positivos ao longo de todo o percurso, ao longo do todo o seu projeto. Comemora cada etapa! Curta sozinho, com parentes ou amigos, tire fotos, faça registros sobre o seu momento de sucesso e sinta-se vitorioso por cada etapa concluída! Estabeleça metas inteligentes Quando estabelecer metas, escolha METAS INTELIGENTES, ou seja, metas que sejam específicas, mensuráveis, assumidas, realísticas e com tempo definido. Metas Específicas exclusivas para o propósito a ser atingido Mensuráveis uma meta é mensurável quando podemos determinar claramente se o progresso está sendo feito em sua direção Assumidas quando você conversa com você mesmo ou com um amigo e concorda com a meta e se compromete a executá-la Realísticas metas que podem ser alcançadas, alcançáveis Com tempo definido meta que pode ser concluída dentro de um tempo razoável, a médio prazo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

V grupo de apoio a pais e portadores de TDAH com incentivo à leitura

O V grupo de apoio a pais e portadores do TDAH realizado pela dra Evelyn na segunda-feira dia 08 de dezembro de 2008 foi um verdadeiro sucesso! Portadores e familiares de várias cidades do Estado do Rio compareceram ao grupo e a troca enriqueceu muito o grupo. Cada participante abriu as suas questões para o grupo trocando vivências, experiências, dúvidas e angústicas que sempre surgem nesses casos. A Dra Evelyn, a Psicóloga Rita, ambas especialistas em Saúde Mental da Infância e adolescência, realizaram dinâmicas com o grupo, com o objetivo de avaliar funções de extrema importância no TDAH como atenção seletiva, atenção sustentada, perseveração, distratibilidade, inibição de impulsos inadequados, controle da impulsividade, habilidade social, resolução de problemas e outros. Foi servido um lanche e ao final, sorteamos o livro NO MUNDO DA LUA, do Prof. PAulo Mattos, cujo ganhador foi o Rafael, de 9 anos, morador de Magé, que ficou radiante com o livro!! Parabéns aos participantes, contamos com a presença de vocês para os próximos encontros. Estamos promovendo, junto aos participantes, a realização de exercícios específicos em treinamento de habilidades sociais e resolução de problemas, uma vez que desenvolver as funções executivas nos portadores e mesmo nos familiares é de suma importância. Um abraço a todos, e até o próximo encontro, onde estaremos divulgando dia e hora. um Feliz NAtal e um 2009 cheio de paz, amor, saúde, harmonia, sucesso e que seus sonhos se realizem!Evelyn Vinocur.

domingo, 7 de dezembro de 2008

TDAH - na escola, na família, habilidades sociais e tratamento


TDAH
A BANALIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO
Muita gente fica dizendo por aí que é hiperativo. Cuidado! Na verdade, o TDAH corresponde a apenas cerca de 5% da população mundial. É importante consultar um especialista antes de fazer um diagnóstico, pois o problema pode ser outro.
QUEM PERCEBE?
Normalmente, a professora tem mais facilidade para notar uma criança quando essa se destaca dos seus pares. Afinal, ela passa muitas horas do dia com um grupo de crianças iguais em termos de idade e condição intelectiva e fica fácil para ela identificar uma ou duas, dentro da sala, que saem muito do comportamento esperado em aula. Assim, cabe as professoras a responsabilidade de avisar a coordenação da escola para que essa se encarregue de chamar os pais e solicitar uma avaliação para a criança.
SINTOMAS
Geralmente, crianças portadoras de TDAH apresentam dificuldades em manter a atenção em um mesmo foco por um certo tempo, são inquietas, não conseguindo ficar paradas na carteira, se mexem o tempo todo, atrapalhando o ritmo da aula. Não raro são impulsivas, têm dificuldade para esperar a vez e tudo isso junto acaba se tornando um fator de exclusão pelos colegas. Podem ser sensíveis, muito sinceros e se envolverem em confusão constante com os colegas, ficando impopulares no grupo. Não costumam ter habilidades na parte social, o que dificulta ainda mais a manutenção das amizades. Têm muita dificuldade em seguir regras, aceitar limites, e é muito importante sabermos diferenciar se a criança não consegue mesmo submeter-se a regras ou se ela simplesmente não tem vontade em acatá-las, condição que é comum em outros transtornos que não o TDAH. Vale ressaltar que o TDAH pode cursar com outros transtornos de comportamento, dificultando o diagnóstico do caso.
DIVULGAR FAZ A DIFERENÇA
Infelizmente, ainda é muito grande a falta de conhecimento sobre os transtornos mentais na infância e adolescência e como eles se comportam e como podem evoluir ao longo da vida. Muita gente ainda pensa que criança não sofre e muito menos que tem problema emocional. Lamentavelmente, muitos profissionais das área de Saúde e Educação desconhecem a complexidade das implicações de um diagnóstico errado e podem acabar generalizando e colocando as crianças dentro de um espectro restrito, como se toda criança hiperativa ou desatenta fosse TDAH e ponto.
TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR
Ainda nos dias de hoje, muitos pais deixam seus filhos fazendo tratamento com um só profissional, ainda que não vejam resultados satisfatórios. Lembrar que um profissional sozinho não consegue tratar de uma criança. É indispensável que o tratamento seja feito com vários profissionais diferenciados e especializados em Saúde Mental da Infância e Adolescência. Psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, psicomotricista, terapeuta de família e outros são fundamentais para o tratamento da maioria das crianças. Vemos com freqüência situações de perda de tempo e desgaste, anos a fio sem resultado e famílias ressentidas, frustradas, desgastadas e com raiva por todo um investimento emocional e financeiro sem retorno. Em outras palavras, sempre é importante que a criança seja avaliada por mais de um profissional especializado.
ÉTICA
Muitos profissionais são honestos e éticos. Sabem dos seus limites. Cada profissional representa uma parte do contexto. Tratar uma criança representa consciência e responsabilidade. Isso é a ética profissional. A todo o instante, a ciência evolui no campo da Saúde mental da infância e adolescência, cabendo aos profissionais participarem de simpósios, palestras, congressos, grupos de estudo, etc., sempre se atualizando, pois esse domínio está em franca expansão e a cada dia surgem novas pesquisas e técnicas mais eficazes para o manejo dessas crianças. Infelizmente, ainda vemos alguns profissionais tentando – sozinho – suprir todas as demandas de transtornos que necessitam de tratamentos com profissionais de diferentes áreas de atuação.
A CRIANÇA PRECISA DE SUPORTE
Crianças com TDAH apresentam, geralmente, fraco desempenho escolar, dificuldades de atenção, hiperatividade e impulsividade, com grande dificuldade na realização de tarefas. Ao contrário do que muitos pensam, o TDAH não é um transtorno de aprendizagem, podendo cursar com dificuldades no aprendizado. Também não é real o que muitos pensam que crianças com TDAH são gênios, na verdade, são crianças normais, com níveis normais de inteligência. Algumas crianças podem se dar bem nas provas, não sendo necessário a presença de notas baixas. Os portadores de TDAH podem estudar na véspera, xerocar cadernos de colegas e tirar boas notas. Principalmente as crianças que gostam de estudar. Os portadores de TDAH fazem muito bem aquilo que gostam. Nunca banalize ou desconsidere os motivos caso seu filho for expulso ou repreendido várias vezes em sala de aula. Procure saber o que se passa e leve seu filho para ser avaliado por um especialista. Providencie o que for necessário para que ele desenvolva seus pontos fracos. Nada ocorre por acaso. É comum ouvirmos pais dizerem que os filhos não dão para os estudos, mas na verdade, qual é a criança que quando não consegue aprender, vai gostar de estudar? Reflita sobre isso com carinho.
HABILIDADE SOCIAL BAIXA
O comportamento agressivo, impulsivo e a pouca habilidade social podem resultar em baixa aceitação pelos colegas, professores e familiares. Geralmente eles se tornam impopulares dentro do grupo, ficando isolados e sentindo-se abandonados e fracassados, sem entendimento do que está se passando. Por isso a criança precisa muito de ajuda. A falta de habilidade social pode também resultar em comportamentos evitativos ou de fobia social, resultando em comportamentos de esquiva em situações onde ele tem que ser avaliado, falar em público, abordar uma garota entre outras. Atividades de teatro, dramatização, leitura em voz alta, acolhimento e atenção, elogios e integração da criança dentro do grupo vai facilitar muito a vida da criança. Técnicas específicas de treinamento em habilidades sociais são imprescindíveis, tais como aprender a ouvir os outros, como fazer novas amizades, como iniciar e manter novas conversas, aprender a compartilhar, agradecer, se desculpar, oferecer ajuda, elogiar e aceitar elogios, trabalhar cooperativamente, compreender como o seu comportamento afeta os outros, ter empatia, etc.
ABANDONO
Se a criança for deixada de lado, rejeitada e desacreditada, o clima vai favorecer o crescimento do estigma social e preconceito. E “criança quando pega fama, deita e rola na cama”, como diz o ditado popular. Ainda mais que muitas delas, portadoras de TDAH, são mais imaturas, pois o TDAH cursa com imaturidade do sistema nervoso centra de mais ou menos três anos em relação as crianças sem TDAH, e geralmente elas acabam se tornando os “bobos da turma”, “os peles”, etc. e tudo isso favorece o seu distanciamento e desajuste na turma. Crianças com TDAH podem agredir as crianças sem o transtorno nos vários ambientes, escola, casa, rua, etc., por não dar conta de lidar com sentimentos negativos e destrutivos que acabam surgindo dentro delas e como são impulsivas, partem para a ação, falando e agindo sem pensar. Elas relatam sentimento profundo de fracasso precoce e muitas não entendem o motivo de não conseguirem ser como a maioria dos colegas, gerando auto-estima muito baixa e não raro, quadros depressivos e ou ansiosos. As comparações são feitas de modo muito sofrido por essas crianças, que se vêem rejeitadas enquanto outras são abraçadas, queridas e bem sucedidas. Um erro muito freqüente observado em nossa prática diária é o falso entendimento por parte de alguns pais que ao acharem que os filhos - por não aprenderem - nunca terão bom desempenho acadêmico e profissional e acabam por inseri-los precocemente no mercado de trabalho, mesmo que sem preparo e orientação para tal. Pesquisam mostram altas taxas de repetências e evasão escolar em portadores de TDAH.
RESULTADOS
O TDAH é 90% um transtorno genético e dimensional, podendo ir de casos leves à graves. Por isso, modere a expectativa. O certo é que, com o tratamento adequado, a criança vai ter grande melhora em todos os segmentos de vida.
PAPEL DA ESCOLA
A escola pode contribuir muito ao criar as suas estratégias pedagógicas. Manter rotinas em sala, constantes e previsíveis, estruturar regras claramente definidas e estabelecer limites ao comportamento, são alguns dos manejos importantes para o melhor desempenho do aluno. A criança com TDAH necessita de um nível mais alto de estimulação para funcionar melhor. É necessário envolvê-la em discussões, insistindo para que ela dê suas opiniões sobre os pactos e regras combinados. Dar funções especiais e destaques em sala de aula são recursos importantes. Distribuir papéis, apagar o quadro, transformá-la em ajudante de alguma coisa etc. Um sistema de sinais secretos, em que se avisa a criança quando ela ameaça extrapolar os limites, favorece o aluno e fortalece o vínculo relacional, evitando expor a criança mais uma vez ao grupo e à banalização das punições.
TRATAMENTO
A escola deve avaliar a eficácia do tratamento diretamente com os profissionais e exigir que os familiares levem a criança para se tratar. Essas crianças devem ser encaminhadas inicialmente ao psiquiatra infantil, independente de ser escolas públicas ou privadas, pois no SUS, em diversos centros de saúde mental, encontra-se atenção a esses casos. No mundo atual, com tantos recursos tecnológicos e psicofarmacológicos, é inconcebível que uma criança, cujo comportamento em interação influencie negativamente toda uma turma, fique sem atenção psiquiátrica e medicamentosa, quando necessário. É de suma importância ainda o acompanhamento psicoterápico. Ressaltar que os profissionais precisam ser especialistas em saúde mental da infância e adolescência.
Algumas escolas trabalham em parceria com Núcleos de Saúde Mental da Infância e Adolescência, ou seja, são escolas que trabalham vinculadas a uma Equipe de profissionais competente no assunto. Essa estratégia de parceria mostra redução significativa nas taxas de repetência e de evasão escolar pois todos os problemas que ocorrem são rapidamente resolvidos dentro da Equipe de confiança da Escola, onde todos interagem em prol da criança e de seus familiares, que também são atendidos e acolhidos pela Equipe de Saúde Mental parceira. A escola, então, de posse do retorno desse profissional in loco, tomará as decisões cabíveis em cada situação. Isso tonifica os métodos disciplinares, tornando as regras mais fortalecidas e longe da vala da banalização.
CONCLUSÃO
Medidas complexas para casos complexos são a única maneira de dar a atenção necessária e assim acabar de vez com o paradigma de problema insolúveis. Frente a esse desafio, propomos um novo modelo de atendimento, baseado numa parceria escola – família - equipe especializada em saúde mental da infância e adolescência. Não é novidade que cada vez mais as escolas precisam estar capacitadas e competentes para receberem esses alunos. Os pais procuram, insistentemente, as escolas que tenham recursos adequados para o desenvolvimento global dessas crianças. Este é o modelo da melhor Escola.
CIESC – CENTRO INTEGRADO DO ESTUDO DO COMPORTAMENTO
tel: (021) 2576-5198
DRA EVELYN VINOCUR






sábado, 6 de dezembro de 2008

DEPRESSÃO NA MULHER


DEPRESSÃO NA MULHER
Você já ficou de mau humor, resmungona e chata, achando a vida “um porre” e doida pra “chutar o balde?” Fique atenta, pois você pode estar com depressão. Isso mesmo. Nem sempre a depressão aparece daquele jeito clássico, onde a pessoa fica triste, chorando, deitada na cama, sem vontade de comer e com vontade de morrer ou de se matar. A depressão pode surgir com irritabilidade, cansaço, sensação de desamparo e desmotivação. Ou através de doenças, como vaginites, gripes, herpes, gastrites, cefaléias, etc.
Mulheres de meia idade, entre 35 e 50 anos, passam por um período de alterações clínicas distintas, que pode decorrer de oscilações hormonais mais significativas, produção mais baixa dos hormônios ovarianos, irregularidades menstruais, alterações urogenitais, do sono, da memória e/ou do humor. Das perturbações do humor, de longe, é a depressão a queixa mais prevalente de mulheres em período perimenopausa, principalmente as que já manifestaram quadros depressivos ao longo da vida. A depressão é um transtorno complexo e que se manifesta, como vimos, através de sintomas físicos e psíquicos. Lembrar que a depressão e a distimia também podem cursar como uma comorbidade do TDAH ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. É sempre orientado ao especialista fazer uma triagem para o TDAH, pois no TDAH as comorbidades são a regra, e não a exceção.

A transição menopausal pode ser dividida em período perimenopausa (declínio da função ovariana até um ano após a menopausa, menopausa (término da atividade ovulatória folicular e um ano de amenorréia, ou seja, sem menstruar) e pós-menopausa (após um ano sem menstruar). Esse declínio hormonal modifica o “eixo hipotálamo-hipófise-gonadal” feminino, com baixa secreção dos estrógenos e dos níveis de progesterona também, sendo essa uma das razões porque a mulher deprime mais que o homem, numa proporção de 2:1 a favor das mulheres, é claro, que apresentam vários tipos de transtornos do humor, desde a famosa TPM, à aos episódios depressivos na gestação (20%), ou no pós-parto (15-20%), ou na menopausa ou no climatério. Para não falar dos quadros depressivos das crianças e adolescentes, cada vez mais evidentes em nossa sociedade. Na verdade, as oscilações da produção de hormônios sexuais podem alterar o humor da mulher em qualquer idade. Não raro, a depressão fica bastante agravada por fatores de ordem emocional e ou ambiental.
Mas na verdade, temos que saber que existe a possibilidade de o quadro depressivo estar “mascarando” a ocorrência de um distúrbio hormonal, que obviamente, só vai cronificar o episódio depressivo.
Fatores de risco importantes compreendem o relacionamento conjugal desgastado ou rompido, apego excessivo da mulher na criação dos filhos, histórico de depressão ou outros transtornos psiquiátricos na família, doenças clínicas, condição socioeconômica baixa, baixa escolaridade, perda precoce dos pais, entre outros. O problema pode ainda se ampliar, quando vários sintomas se sobrepõem, dificultando o diagnóstico.
Nos casos mais graves, a indicação é de que sejam usados medicamentos antidepressivos além da terapia hormonal. Se ansiedade estiver presente, deverá ser administrado um ansiolítico como coadjuvante. O tratamento exige remissão total dos sintomas. Senão, o índice de recorrência é alto, cada vez mais, a cada episódio depressivo. Mulheres que já apresentaram mais de três episódios depressivos deverão fazer tratamento com antidepressivos por tempo indeterminado, uma vez que as chances de recuperação total se reduzem a menos de 10%.
Ficar ciente e atenta aos efeitos colaterais dos antidepressivos que podem variar desde boca seca, náusea, cansaço, tremor, prisão de ventre, sonolência, tonteira, ansiedade, dor de cabeça, ganho de peso, diminuição da libido, esquecimentos, e outros, que são motivo de altas taxas de abandono e não adesão ao tratamento. A influência dos efeitos colaterais dos antidepressivos sobre a função sexual vai depender do tipo do antidepressivo usado. A bupropiona e a mirtazapina são os antidepressivos que menos causam prejuízo na libido.
Estratégias sugeridas para minimizar os efeitos colaterais dos antidepressivos sobre a função sexual incluem conhecimento do fato pela paciente, reduzir dose do antidepressivo, substituir o antidepressivo quando possível ou acrescentar “antídotos”, como a bupropiona (inibidor da dopamina, que aumenta a libido) aos inibidores da serotonina, que geralmente causam prejuízo da libido.
O risco de a bupropiona induzir disfunção sexual se assemelha à do placebo, sendo a bupropiona o antidepressivo de escolha para o tratamento da depressão em mulheres com queixas sexuais ou aquelas no climatério ou na menopausa. A disfunção sexual, própria da depressão e das alterações hormonais dessa fase não é alterada com a administração da bupropiona. Ao contrário, ela pode até beneficiar a atividade sexual além de tratar a depressão.
Sendo a bupropiona um agente dopaminérgico e noradrenérgico, vai estimular mulheres apáticas, letárgicas, obesas e com o grande diferencial de outros antidepressivos que é não causar ganho de peso. Vale ressaltar que a disfunção sexual pode ser um sintoma prodrômico da depressão tanto quanto um sintoma próprio ou inerente à depressão ou ainda um sintoma residual de um quadro depressivo. Consulte um especialista de confiança na área.
Texto extraído e modificado do livro “Sexualidade humana e seus transtornos, Abdo CHN, 2a edição, 2002, Lemos editora”, por Evelyn Vinocur.


COMO ANDA A SUA SEXUALIDADE?

Como sabemos, a disfunção sexual permeia a vida de grande parte da população, sendo influenciada por múltiplos fatores. Ocorre mais em mulheres e fica evidente um aumento das queixas na esfera sexual no período perimenopausa, muito por conta das oscilações dos níveis hormonais, que estão relacionados ao humor. A disfunção sexual pode ser um sintoma prodrômico de um quadro depressivo ou um sintoma inerente à própria depressão ou ainda um sintoma residual de quadro depressivo. De toda forma, a depressão anda de mãos dadas com disfunções nessa área. Uma boa parte das queixas sexuais se devem aos efeitos colaterais de alguns antidepressivos. Estudos mostram que só 14% das pacientes relatam sintomas sexuais de modo espontâneo. Na maioria avassaladora das vezes, elas necessitam de perguntas diretivas sobre a parte sexual. E com isso, muitas mulheres, ao se verem livres dos sintomas depressivos, preferem abandonar o tratamento a terem que falar com o médico sobre problemas sexuais. Daí a importância de termos em mãos o questionário abaixo:
FONTE: ABDO CHN, ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DO QUOCIENTE SEXUAL - VERSÃO FEMININA - REV BRAS MED 2006; 63 (9):477-482

QUOCIENTE SEXUAL - VERSÃO FEMININA (QS-F)
Responda o questionário sendo o mais fiel possível. Baseie-se nos últimos 6 meses de sua vida sexual.
pontuação:
0=nunca
1=raramente
2=às vezes
3=aproximadamente
4= a maioria das vezes
5= sempre

1- você costuma pensar espontaneamente em sexo, lembra de sexo ou e imagina fazendo sexo? (avalia a capacidade de fantasia sexual)
2- o seu interesse por sexo é suficiente para você você participar da relação sexual com vontade? (avalia o desejo e o interesse sexual)
3- As preliminares (carícias, beijos, abraços, afagos) a estimulam a continuar a relação sexual? ( avalia a qualidade de respostas às preliminares)
4- Você costuma ficar molhada (lubrificada) durante a relação sexual? (avalia a capacidade de excitação)
5- Durante a relação sexual, à medida que a excitação do seu parceiro vai aumentando, você também se sente mais estimulada para o sexo? (avalia a manutenção da excitação)
6- durante a relação sexual, você relaxa a vagina o suficiente para facilitar a penetração do pênis? (avalia o preparo para a penetração)
7- você costuma sentir dor na relação sexual quando o pênis penetra na sua vagina? (avalia a presença de dor À relação)
8- Você consegue se envolver, sem se distrair, durante a relação sexual? (avalia a manutenção do desejo e da excitação)
9- você consegue atingir o orgasmo nas relações sexuais que realiza? (avalia a capacidade para o orgasmo)
10- o grau de satisfação que você consegue com a relação sexual lhe dá vontade de fazer sexo outras vezes, em outros dias? (avalia a satisfação com a atividade sexual)
Resultado = padrão de desempenho sexual:
82 a 100 = bom a excelente
62 a 80 = regular a bom
42 a 60 = desfavorável a regular
22 a 40 = ruim a desfavorável
0 a 20 = nulo a ruim
Como somar os pontos: 2 x (q1 + q2 + q3 + q4 + q5 + q6 + [5-q7] + q8 + q9 + q10

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

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PONTO DE ENCONTRO SOBRE O TDAH
A psicoterapeuta Evelyn Vinocur realizará no dia 08 de dezembro, às 17 horas, um grupo de apoio ao TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O evento contará com o sorteio do livro "No mundo da Lua" ou "Levados da Breca", ambos falando sobre o TDAH.Os participantes se focarão na leitura de obras que esclarecem a doença e poderão relaxar com os lanches que serão servidos.A especialista esclarece que se trata de uma ocasião muito especial em que é possível compartilhar experiências e aprendizado. Afinal, todo trabalho em grupo enriquece muito, trazendo conforto e soluções para todos os participantes.Os encontros são mensais e quem já tiver um compromisso marcado para a data poderá participar em outra ocasião.Local: Av. 28 de setembro nº 389 no 7º andar, auditório Vila Isabel Telefone: (21) 2576-5198 ou (21) 7811-1694 Para saber mais, acesse:
http://www.evelynvinocur.com.br/
http://newsletter.minhavida.com.br/site/

domingo, 30 de novembro de 2008

CRIANÇAS PODEM TOMAR MEDICAMENTOS CONTROLADOS ?


Sempre que estivermos atendendo uma criança, temos que prestar atenção a múltiplos fatores, dentre eles como é a dinâmica familiar da família, como a criança “é vista” dentro de sua família, como ela está inserida na escola e nos seus relacionamentos com os colegas, sua sociabilidade em geral, seus interesses e como ela utiliza o seu tempo. Uma anamnese muito detalhada dos pais e irmãos é – a meu ver – o primeiro “ponto-chave” para um tratamento infantil eficaz, pois como sabemos, muitas vezes não adianta tanto tratar a criança sem oferecer suporte, conhecimento, psicoeducação a esses pais, ensinando a eles como lidar com a criança e com os sintomas que ela apresenta, sendo portanto ideal um bom vínculo com a família e saber também do seu histórico de saúde. Vou ilustrar o que acabei de dizer através de um adolescente que eu atendi.
“... Bernardo, 12 anos, foi atendido por mim pela primeira vez. Eu já havia atendido na sessão anterior o pai e a mãe de Bernardo, sozinhos. Os pais eram separados e cada um tinha uma visão diferente do filho. A mãe repetia que o pai pouco via o filho, por isso não sabia de nada dele. Na história de Bernardo, um evento estressor grave havia ocorrido há alguns anos, que foi a morte de seu irmão mais velho, na época, com 14 anos, fruto de um acidente. Após isso, Bernardo passou a ficar mais agressivo, mais revoltado e seu rendimento escolar caiu expressivamente. Sua mãe estava preocupada, pois Bernardo já tinha sido levado a outros profissionais e estava sendo medicado com quatro medicamentos em doses altas para a idade dele, segundo palavras da mãe, ao ler o conteúdo da bula dos medicamentos. Ao término da consulta com os pais eu forneci questionários específicos para serem preenchidos por pais/familiares e pelos professores do Bernardo. Na segunda consulta, agora com o Bernardo e seus pais, vi que mãe e filho eram mutuamente hostis e agressivos. Bernardo mostrava-se bastante irritado. O pai não encontrou espaço para suas colocações, pois a mãe o interrompia sempre. Em menos de 10 minutos Bernardo sofreu reprimendas e inúmeras críticas por parte da mãe, e revidou-as, todas. Pedi para os pais saírem para que eu pudesse conversar a sós com o Bernardo. Após um momento inicial onde ele foi hostil comigo, ficou calmo e educado, pois percebeu que eu estava ali não querendo criticá-lo ou julgá-lo, simplesmente queria entender o que estava ocorrendo e tentar ajudar. Bernardo me contou muitas coisas, ficando evidente que ele se sentia rejeitado pela mãe, que ele não gostava de sua aparência e que havia engordado muito. Seus olhos ficaram “marejados”, mas logo ele se recompôs dizendo que homem não chora, isso é pra maricas. Disse que tenta agradar a mãe de todas as formas, mas que ela nunca fica satisteita, que sempre quer mais e mais dele. “Eu nunca dou uma a dentro com a minha mãe”... disse ele. Ficou claro também, toda a sua raiva e revolta em relação a várias coisas. Ele se sentia obrigado a tomar todos aqueles medicamentos, sem saber para quê eram, ele não havia sentido nenhuma melhora, ao contrário, e que ele sabia que o que ele tinha que melhorar dependia de sua força de vontade e não dos remédios. Disse que tomava os remédios passivamente para não desagradar a mãe. Enfim, muito mais foi debatido e ao final daquela consulta ele se mostrou muito motivado para voltar ao consultório uma vez na semana para traçarmos um plano de tratamento para ele e para os seus pais. Ficou claro para ele que ele fazia tudo que a mãe mandava, pelo simples fato da mãe mandar, porque ele tinha medo de magoar a mãe, etc., “engolindo tudo aquilo sem digerir e sem processar”, apesar de sentir muita raiva da vida ter que ser assim, conforme ele me disse.
Muitas coisas ficaram mais claras depois de ter ouvido o Bernardo. Fica evidente a importância de dar apoio e orientação aos pais, principalmente à mãe, que certamente precisa ser orientada a como lidar com o filho. Por outro lado, vemos como a comunicação dessa família está “truncada” e como esse jovem está “sofrendo calado para não perder a mãe” (lembrar que ele perdeu seu irmão há pouco tempo). Poder ver que Bernardo está somatizando muitas emoções, que ele “implode” toda a raiva que ele não tem coragem de falar e não sabe como fazer de outro modo. Fica nítido que temos que esclarecer até que ponto o medicamento é importante pra ele naquele momento e se for, esclarecer e falar da importância dele se tratar e tentar obter o seu consentimento e entendimento para que ele possa se tratar sem revolta, ao contrário, com satisfação e acreditando no tratamento."
É muito importante a divulgação para a sociedade das diferenças entre o tratamento da saúde mental do adulto e o da criança. Ainda é um mito muito comum as pessoas acharem que criança não fica deprimida, não sofre e que não tem preocupações. Ainda fica muito presente a idéia da preguiça, do comodismo, da burrice ou da falta doença força de vontade. É só pensarmos no TDAH para vermos como essa situação é comum. O tratamento da criança é fundamentalmente multidisciplicar. Não raro, quase sempre, precisamos de pelo menos três profissionais especialistas em tratar crianças. Por exemplo, no caso acima, é fundamental a integração do psiquiatra infantil com o psicoterapeuta infantil e o terapeuta de família. Quando tratamos crianças e adolescentes com transtornos sérios de aprendizagem, retardo mental e crianças com transtornos do espectro autista, vamos precisar também da fonoaudióloga e da psicopedagoga além do restante da equipe descrita acima. Para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade com presença de comorbidades, lembrar sempre de tratar primeiro as comorbidades. Sempre temos que manter o contato com a escola, pois muito freqüentemente vamos precisar juntar todas as visões da criança, através de todos aqueles que lidarem com ela, de algum modo. Não podemos esquecer que criança não é um adulto em miniatura, como muitos pensam.
Só após algumas consultas com os pais, a própria criança e com a escola é que podemos traçar um plano de tratamento para aquela criança. Quando medicamentos forem necessários, serão prescritos e certamente serão de grande valia para a criança e até para a família, que fica mais aliviada vendo que o filho/a está mais calmo/a, concentrado/a, menos agressivo/a, menos deprimido/a ou ansioso/a e por aí vai. Muitos casos são de natureza biológica, familiar, genética e nesses casos, muito comumente precisamos prescrever medicamentos controlados para a criança. E eles são muito bons e eficazes. Sempre dentro do tratamento em equipe. Um profissional sozinho não trata uma criança, só em casos específicos e iniciais, sem comorbidades. Segundo o Dr. Joel Rennó Jr, Doutor em Psiquiatria pela USP, não podemos nos esquecer que antes de medicar uma criança devemos ter em mente que o jeito dela sentir, entender e expressar-se difere do adulto. Portanto, o conhecimento sobre sua maturidade e desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC), assim como sobre suas experiências acumuladas ao longo da vida é essencial na determinação da necessidade de tratamento farmacológico. Em relação ao uso de antidepressivos na infância, ele diz que crianças diferem dos adultos tanto do ponto de vista neuropsicológico, quanto em relação à absorção, excreção e metabolização dos antidepressivos. Tradicionalmente, os antidepressivos mais comumente utilizados em crianças e adolescentes se restringem aos antidepressivos tricíclicos, aos serotoninérgicos (que atuam sobre o neurotransmissor serotonina) e mais recentemente a bupropiona (que atua também sobre o neurotransmissor dopamina). Os sistemas de neurotransmissores como a noradrenalina e dopamina só estão inteiramente desenvolvidos no final da adolescência. Já o sistema do neurotransmissor serotonina amadurece mais cedo. Esses dados sugerem que as crianças podem responder melhor aos antidepressivos serotoninérgicos (fluoxetina, sertralina, citalopram).
Felizmente, as pesquisas em neurogenética, neuroimagem e neuropsicologia têm avançado muito nos últimos anos e estão mudando dramaticamamente o modo de nós entendermos os transtornos mentais na infância e adolescência.

sábado, 22 de novembro de 2008

V GRUPO DE APOIO A PORTADORES, FAMILIARES E AMIGOS DO TDAH COM INCENTIVO À LEITURA.
No Rio de Janeiro, em Vila Isabel.
DIA 08/12/2008, as 17 hs, 7o ANDAR, no Auditório, AV. 28 DE SETEMBRO, 389
DÚVIDAS? LIGUE PARA 9989-5798 OU 2576-5198.
VENHA.
VOCÊ FAZ O GRUPO.
VOCÊ FAZ A DIFERENÇA PRA GENTE.
Qualquer reunião de grupo é fantástica. Dá um "up-grade" nos participantes. É uma energia positiva que cresce no grupo. Você fala, troca idéias e sentimentos, fala de sua experiências e de seus medos. Em contrapartida, ouve. Ouve como é a experiência do outro que está ali a seu lado, sofrendo o mesmo tipo de dor que você. E tira dúvidas, coloca novas questões, interage no social e muito mais. Não é novidade que muitos portadores de TDAH apresentem dificuldades para terminar a leitura de um livro. Muitas vezes sequer começam. Outros preferem a leitura automática, onde a gente dá uma passada pela página, depois vai para o meio do livro e depois já está no final e pronto - ah, acabei de ler! E as razões para isso são as mais variadas, indo desde a atenção concentrada que fica prejudicada, ou pela agitação ou pela impulsividade... motivos não faltam. Pra não dizer daqueles que apresentam algum problema outro, como a dislexia... Por isso achamos bem legal o sorteio de um livro, à cada encontro, para de certo modo, incentivarmos a leitura aos nossos participantes! Vamos sortear o livro "no mundo da lua", do prof. Paulo Mattos. Uns petiscos e um refrigerante também faz parte dos nossos encontros. Esperamos por você, que sempre vai ter algo a ouvir, trocar, participar, enfim, contribuir para um mundo melhor. Não podemos nos esquecer que o TDAH precisa ser muito divulgado, conhecido pois o número de crianças, adolescentes e adultos que sofrem do TDAH sem sequer ter esse conhecimento ainda é enorme na nossa população e no mundo!!
ABS E ATÉ LÁ !!EVELYN VINOCUR

Música faz bem ao seu coração

Música e sorriso fazem bem à saúde do seu coração.
Quem nunca experienciou uma sensação de leveza e bem estar ao ouvir uma música que lhe toca à alma, fazendo você ficar como que “flutuando”, num estado mental extasiante? Quantas vezes você entra no carro irritado, de “saco cheio” e com vontade de sumir – e você coloca a sua música preferida, e como num passe de mágica, de repente, você está novamente feliz e de bem estar com a vida? Comigo acontece muito. A música tem um poderoso efeito sobre o meu estado d`alma. É como se a música penetrasse nos poros da nossa pele, contaminando todo o nosso ser. E é interessante que do mesmo modo que algumas músicas tem o poder de nos agraciar diante da vida, outras têm um poder negativo sobre o nosso temperamento.
Pesquisas da Associação Americana de Cardiologia mostram que ouvir músicas agradáveis pode ser benéfico para a saúde cardiovascular. Pesquisadores da Universidade de Maryland mostraram pela primeira vez que emoções positivas geradas por músicas aprazíveis têm um efeito favorável sobre o endotélio cardiovascular.
O cérebro tem um papel fundamental na saúde vascular bem como as taxas de colesterol e pressão arterial. Ainda assim, muitas pessoas que não apresentam esses fatores de risco desenvolvem doença cardíaca significativa e isso pode estar parcialmente ligado a resposta desses indivíduos ao estresse.
Se a música pode evocar emoções positivas para se contraporem ao estresse negativo do cotidiano, ela pode ter uma influência muito importante sobre a parte vascular. Assim, a música deveria ser incorporada à um estilo saudável de vida, tal como nós incorporamos outros hábitos saudáveis à nossa vida. Esse estudo foi apresentado pela Associação Americana de Cardiologia desse ano, em sessão científica.
O estresse mental causa vasoconstrição. Cardiologistas do grupo do Dr. Muller foram os primeiros a mostrar que o riso tem um efeito benéfico sobre o endotélio. Eles acham que emoções positivas evocadas pela música também trariam um efeito similar.
Para determinar o efeito da música sobre a função endotelial, pesquisadores fizeram uma pesquisa sobre o assunto. A pesquisa incluiu 10 pessoas saudáveis e não-fumantes de idade média de 36 anos. Os voluntários selecionaram 30 minutos de músicas que eles apreciavam.
Em 4 ocasiões separadas, uma semana de diferença, as funções endoteliais dos participantes foram acessadas pela medida de fluxo sanguíneo no antebraço. Em cada ocasião a dilatação da artéria pelo aumento do fluxo sanguíneo foi medido no início e 30 minutos após cada estimulo: música aprazível, música que produzia ansiedade, um vídeo clipe de humor e uma fita de relaxamento. As pesquisas acharam que comparados ao momento inicial, a dilatação do fluxo sanguíneo dos voluntários:
- aumentaram 26% depois de ouvirem música agradável
- diminuíram 6% depois de ouvirem música geradora de ansiedade
- aumentaram 19% depois de ouvirem a um vídeo de humor
- aumentaram 11% depois de ouvirem uma fita de relaxamento
A magnitude do aumento do fluxo sanguíneo associado a auto-escolha de boa música foi o mesmo do observado previamente com atividade aeróbica ou terapia com estatina.
Acredita-se que a base para isso seja devida a compostos com endorfina liberados pelo cérebro, que têm ação direta sobre a vascularização. É a grande “caixa preta” das conexões cardíacas, tão difícil de se quantificar mas é uma área pouco desenvolvida pela ciência e que vale a pena ser investigada. Associação Americana de Cardiologia.
Vários estudos bem documentados mostram os efeitos positivos da musica sobre ansiedade, depressao e dor com pacientes que têm doenças somáticas (Cassileth et al., 2003; Cepeda et al., 2006; Siedliecki and Good, 2006). Estudos recentes nas áreas de neurocognição e neuropsicologia sugerem que a música também melhora várias funções cognitivas como a atenção, aprendizado, comunicação e memória, tanto em sujeitos normais como em certos trantornos, como a dislexia, autismo, esquizofrenia, esclerose múltipla, doença coronariana e demência. em reabilitação cardíaca pós-enfarto, elementos musicais têm sido usados como parte da fisioterapia (Thaut et al., 1997).